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A urbanização também não alcançou um personagem curioso que vive no Contorno Leste, em São José dos Pinhais, nas imediações da BR-376. Parece lenda, mas Gabriel Carlos (como se apresenta), ou Homem Manilha (como é conhecido), é visto por quem passa de carro numa das alças de acesso ao contorno sempre próximo a sua minúscula "casa": uma manilha.

O "lar" tem menos de dois metros quadrados e é tudo o que lhe restou com a chegada da nova rodovia, além de seu melhor amigo, o cachorro Veneno. O contorno foi inaugurado há cerca de quatro anos, mas as obras começaram na década de 80, no governo José Richa.

Ele conta que na época tinha uma casa no local – onde vivia com a mulher e o filho –, além de uma igreja, mas que perdeu tudo com a passagem da estrada. "Comprei 10 hectares há 54 anos antes do contorno e da estrada. Depois, perdi tudo", diz. Na verdade, ele só tinha a posse da área, onde fincou a manilha e a mantém há cerca de 13 anos. A esposa e o filho já morreram. Ele diz que a mulher chegou a viver com ele na manilha, mas foi assassinada há cerca de 5 anos.

No semblante, as marcas de um homem sofrido, barba por fazer, cujo pequeno mundo cabe dentro de uma manilha. Em dez minutos de conversa, o Homem Manilha conta parte da sua vida. "Tenho 71 anos e me preocupo muito com a minha segurança", afirma, embora o fiel amigo Veneno proteja a área e não permita que ninguém se aproxime do local sem a permissão de Gabriel.

No lar de manilha tudo é na base do improviso. A comida é feita num fogão feito de barro, ao lado da casinha do cachorro, também feita de barro. Ele passa o dia inteiro no local e diz que a sua fonte de renda para viver é a música, inclusive para comprar alimentos. "Sou compositor", disse. No entanto, há quem diga que ele ganha de caminhoneiros que passam no local o que precisa para viver. (JNB)

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