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Uma mesma família faz, há 68 anos, intervenções de engenharia na ponte histórica sobre o Rio São João, na ferrovia Curitiba-Paranaguá, na Serra do Mar. A ponte foi reinaugurada oficialmente ontem, após o acidente que a destruiu parcialmente, em 29 de julho de 2004. Desde quando tinha 15 anos, o engenheiro Raul Osório de Almeida, 58 anos, acompanhava o trabalho do pai e também engenheiro, Roberto de Almeida, na ponte do São João. A tarefa foi então passada para o irmão, depois para o sobrinho e agora assumida por Raul, que trabalha na Roca Engenharia – contratada pela concessionária de transportes América Latina Logística (ALL) para fazer a recuperação.

"Ele [o pai] me contava a história desta ponte, sempre me levou e me ensinava muito", lembra o engenheiro. A ponte é um marco da engenharia da ferrovia brasileira e foi inaugurada em 1880, com a pedra fundamental lançada pelo imperador Dom Pedro II. Raul pesquisou a história de peças e da composição da construção. A intervenção é considerada o maior desafio da vida do engenheiro, que possui 36 anos de experiência em restauração de pontes.

A principal dificuldade, na opinião do engenheiro, foi reforçar uma das pernas do arco, que fazia toda a sustentação da ponte – já que uma das torres havia caído. Após o acidente essa perna recebia a carga do vão da ponte (300 toneladas) e de cerca de 8 metros de vagões que ficaram pendurados após a queda. "A maior preocupação era garantir que a ponte não caísse", disse.

Para evitar maior comprometimento da estrutura e a queda da ponte, o engenheiro decidiu construir um reforço em torno da perna do arco que suportava o peso. A atitude tem gerado polêmica e foi um dos pontos questionados no parecer contrário ao projeto de restauração da ALL emitido pela Secretaria de Estado da Cultura, em setembro de 2004. "Eu não me arrependo do que fiz e faria tudo de novo deste jeito. Esta era a única solução para salvar a ponte", afirmou Raul Osório de Almeida.

O engenheiro confessa que chegou a pensar que havia tomado a decisão errada. "Pensei que a ponte estava condenada. Mas depois de testes de laboratórios descobrimos que eram defeitos de laminação do próprio aço." Estas rachaduras, segundo o engenheiro, não oferecem risco.

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