Brasília Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro marcam o sonho da capital fluminense de mostrar que pode abrigar uma Olimpíada. E do Brasil provar que pode rever seus conceitos de policiamento, principalmente em favelas. O evento será o maior desafio da Força Nacional de Segurança Pública, criada em 2004.
"Queremos introduzir uma política nova. Mas ainda há gente que prefere colocar canhão apontado para a favela", afirma o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. Criticado pela política de não-ocupação dos morros, ele destaca a mistura das políticas de segurança e integração social. "Se eu faço uma intervenção militar, ponho o Exército na favela, saio e devolvo o caos anterior", justifica.
O presidente Lula diz que o sistema de segurança dos Jogos Pan-Americanos, também pela presença da Força Nacional de Segurança Pública no Rio de Janeiro, será uma espécie de início da virada na política de segurança pública do país. É isso mesmo?Ele se refere ao conceito geral de segurança dos jogos, não apenas pela presença da Força. Ela faz parte de todo um grupo de ações, que não são meramente policiais. Temos também, com um papel principal, as medidas de inclusão social, de introdução de uma reorganização social. Que fique bem claro: não é uma terceira polícia que chega para resolver tudo. A Força trabalha com uma política de solidariedade federativa, como um compromisso de segurança para todo o Brasil. É um programa pelo qual nivelamos conhecimento para fixar uma doutrina de trabalho, além de um padrão de procedimento e de equipamento.
O desafio do Pan, portanto, será casar de uma vez só as políticas sociais com as de policiamento?Exatamente. Temos de aprender de uma vez por todas a fazer policiamento em favela. Afinal, ela é um reduto de moradia de cidadãos, que merecem respeito. Há gente criticando a nossa iniciativa, dizendo que não teremos resultado imediato. Eu garanto: os Jogos serão seguros, como quaisquer outros grandes eventos já realizados no Brasil. O policiamento será bem feito, mas respeitando um regime de cooperação federativa e não de intervenção. Se eu faço uma intervenção militar, ponho o exército na favela, saio e devolvo o caos anterior. Queremos introduzir uma política nova. Mas ainda há gente que prefere colocar canhão apontado para a favela.
No que um policial da Força Nacional é diferente de um policial comum?Pelo espírito de cooperação federativa. Costumo dizer que ele é como um soldado que vai para uma força de paz da ONU. Eles são tão profissionais quanto qualquer outro colega de corporação, mas são convocados e se colocam à disposição para colaborar pela segurança do país. E não apenas pelo estado em que moram.
Qual é o próximo passo da Força Nacional?Consolidar o programa para que ele continue sendo um disseminador de boas práticas. Para, por exemplo, melhorar a eficácia nos grupos táticos. A partir dessa convivência que os policiais têm com colegas de outros estados, formamos multiplicadores desse conhecimento. Estamos buscando um padrão doutrinário de conduta, desde coisas básicas, como a abordagem de um motorista em um veículo. Queremos estabelecer um padrão, algo correto. Só que esse é um projeto de longo prazo.
Há muito desnível entre as polícias dos estados brasileiros?Temos diferença sim. Só que os estados que apresentam um alto padrão são sustentados quase sempre por um grupo reduzido de policiais, que emprestam suas qualificações para os colegas. Trabalhamos a partir desses nichos, queremos atingir inicialmente os profissionais mais qualificados, mais especializados, sem qualquer desvio de conduta. É o grande objetivo da Força, disseminar um padrão de excelência. Ela não é melhor que nenhuma força policial estadual. Mas reúne os melhores policiais que já são os melhores da sua polícia de origem.
Já foi possível perceber avanços locais, provocados por policiais que fazem parte da Força?Alguns já conseguiram mudar os currículos de suas academias. Aliás, há vários tipos de adequações. O Mato Grosso, por exemplo, criou uma Força Estadual de Segurança Pública, com o mesmo conceito da nossa. São policiais mobilizáveis dentro do próprio estado. Já são efeitos de tudo aquilo que pretendemos.
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