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“Stalin ao menos lia os livros antes de fuzilá-los [os autores]. Estamos saindo de uma situação stalinista e assumindo agora um viés fascista ao criticar o livro sem ler.”
Fernando Haddad, ministro da Educação | Antônio Cruz/Agência Brasil
“Stalin ao menos lia os livros antes de fuzilá-los [os autores]. Estamos saindo de uma situação stalinista e assumindo agora um viés fascista ao criticar o livro sem ler.” Fernando Haddad, ministro da Educação| Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O conteúdo de livros didáticos de História, distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) a escolas públicas de ensino fundamental e médio, tem sido criticado por senadores de oposição. Eles convocaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, para discutir conteúdos ideológicos e políticos que estariam presentes nas obras. Durante a audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, ontem, em Brasília, Haddad saiu em defesa do livro Por uma Vida Melhor, que gerou polêmica ao admitir o uso da norma popular da língua portuguesa, e chamou os críticos da obra de "fascistas".

De acordo com os parlamentares, os livros de História contêm elogios ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Há sim viés ideológico. A responsabilidade é dos autores e dos responsáveis pela seleção e aprovação do conteúdo. É uma realidade que cabe ao ministério enfrentar", criticou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Já o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) afirmou que as obras ferem princípios constitucionais porque faz "doutrinação política e ideológica". Ao responder, Haddad disse que não iria emitir opinião porque não analisou todo o conteúdo das obras.

Português

Entretanto, os parlamentares pediram explicações sobre a polêmica sobre o livro didático de educação de jovens e adultos (EJA) que admite o uso da norma popular da língua portuguesa. No texto, a autora de Por uma Vida Melhor afirma que os alunos podem falar do "jeito errado", mas devem atentar ao uso da norma culta, cujas regras precisam ser dominadas.

Haddad afirmou que diversas entidades da área educacional defenderam a obra que, segundo ele, considera a realidade dos alunos adultos que estão retornando à escola para aprender a norma culta. Para ele, os que criticaram o livro não leram todo o conteúdo do capítulo e apenas analisaram frases fora do contexto. "Quando o adulto volta para a escola, traz vícios naturais [da fala popular] e o livro o convida a traduzir essa linguagem para a norma culta, esse é o papel do educador", disse.

Dias defendeu que há viés político na defesa da língua popular em detrimento da norma culta. Os senadores fizeram uma referência ao jeito de falar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Fascismo

Em resposta ao senador paranaense, Haddad citou o soviético Josef Stalin e o alemão Adolf Hitler e defendeu que há uma "invo­­lução" no debate. "Stalin ao menos lia os livros antes de fuzilá-los [os autores]. Estamos saindo de uma situação stalinista e assumindo agora um viés fascista ao criticar o livro sem ler", disse.

O ministro explicou como é feito o processo de seleção dos livros, que são avaliados por universidades federais, e afirmou que esses critérios podem ser aperfeiçoados caso seja essa a avaliação do Congresso Nacional. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) defendeu que não há critérios objetivos na análise das obras e que não é possível confiar na "santidade" das universidades.

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