• Carregando...

O prefeito Fernando Haddad (PT) encaminhou para a Câmara Municipal, nesta quinta-feira (13), um projeto para alterar o nome do viaduto 31 de Março, localizado na região da Liberdade, centro de São Paulo. A ideia é que a data do golpe de 1964 seja trocada para viaduto Therezinha Zerbini, que lutou pela aprovação da anistia, ao final da ditadura.

Se aprovada na Câmara, essa deverá ser a primeira de uma série de mudanças de nomes de ruas, praças e viadutos. A ideia da Prefeitura de São Paulo é alterar os logradouros que homenageiam datas e pessoas ligadas à repressão do regime militar (1964-1985). A Secretaria de Direitos Humanos já identificou 23 vias que poderão sofrer a alteração.

Um segundo projeto também foi encaminhado pela gestão Haddad à Câmara para que se impeça novas nomeações de vias ou prédios públicos com referências ao período militar.

“Esse projeto ‘Ruas de Memória’ visa celebrar a vida daqueles que se dedicaram à democracia, que lutaram pelas liberdades individuais no nosso país. Substituindo os nomes daquelas ruas associadas ao período de arbítrio, período da violência, que reinou em nosso país por mais de 20 anos”, afirmou Haddad.

Em caso de vias residenciais, a mudança das ruas será feita em discussão com os moradores, segundo o prefeito. Além das ruas, a administração também já listou 15 escolas e cinco ginásios esportivos que poderão ter os nomes alterados de acordo com o projeto. O levantamento, no entanto, ainda está em andamento.

“Um povo que não preserva a sua memória, que não tem direito à verdade, não consegue sequer construir um presente que garanta a democracia, respeite os direitos humanos e melhore as condições de vida para todo o seu povo. E esse projeto tem essa grande virtude: buscar a verdade, preservar a memória”, disse o ministro-chefe da secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Pepe Vargas, que participou do lançamento.

Veja ruas e praças listados pela prefeitura:

Rua Alberi Vieira dos Santos

Ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, foi colaborador do Centro de Informações do Exército. Teve participação na armação de emboscada e chacinas de resistente, em detenções ilegais, execuções, desaparecimento forçado de pessoas e ocultação de cadáveres. Vítimas e caso relacionado: Massacre do Parque Nacional do Iguaçu, em que foram vítimas de desaparecimento forçado Onofre Pinto, Daniel José de Carvalho, Joel José de Carvalho, José Lavecchia, Victor Carlos Ramos e Enrique Eernesto Ruggia (1974) Segundo decreto que nomeia a rua, Alberi foi assassinado em circunstâncias misteriosas em 1979, na região do Foz do Iguaçu.

Praça ministro Alfredo Buzaid

Advogado, professor e jurista, foi ministro da Justiça de 1969 a 1974, durante o governo de Médici, tendo apoiado o Ato Institucional nº 5, que inaugurou o período mais intenso de repressão, cassação de direitos civis e políticos e violação aos direitos humanos da ditadura militar

Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva

Marechal, atuou no movimento que instarou o regime ditatorial em 1964, marcado por graves violações aos direitos humanos. Presidente ditador entre 1967 e 1969, promulgou o AI-5, ato institucional responsável pelo acirramento de repressão, cassação dos direitos civis e políticos e crimes contra a humanidade

Rua Alcides Cintra Bueno Filho

Policial e delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) durante a ditadura militar. Foi responsável pela emissão de documentos oficiais fraudulentos e colaborou no encobrimento de casos de tortura, execução e ocultação de cadáver durante o período

Praça Augusto Rademaker Grunewald

Almirante, foi ministro de Aeronáutica, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964, marcado por graves violações aos direitos humanos. Foi vice-presidente ditador entre 1969 e 1974, o período mais intenso de repressão, censura e cassação de direitos humanos

Avenida Presidente Castello Branco

Marechal, foi presidente do Brasil de 1946 e 1951. Atuou na repressão a opositores da ditadura Vargas, mas em 1945 participou da deposição desse presidente, candidatou-se, elegendo-se na sequência. Atuou também no movimento que depôs o presidente João Goulart, em 1964, com um golpe que instaurou o regime ditatorial marcado por graves violações aos direitos humanos

Rua Délio Jardim de Matos

Militar brasileiro, ministro da Aeronáutica entre 1979 e 1984, foi um dos principais articuladores do movimento que promoveu o golpe de Estado de 1964, que instalou o regime ditatorial, marcado por graves violações aos direitos humanos. No governo Castello Branco (1964-1967), instaurou o gabinete militar da Presidência da República. Exerceu a função de Ministro da Aeronáutica.

Avenida Gal. Ênio Pimentel da Silveira

General, foi comandante da 1ª Companhia de Polícia do Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro, de maio de 1968 a julho de 1971, período em que ocorreram na unidade os casos de morte sob tortura de Severino Viana Colou e Chael Charles Schreier. Serviu no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna)do Exército em abril de 1972 a junho de 1974. Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e desaparecimento forçado

Viaduto General Euclides de Figueiredo

Geógrafo, político e general do Exército brasileiro, foi o último presidente do regime militar, de 1979 a 1985. Foi chefe do gabinete militar durante o governo Medici e dirigiu o SNI (Sistema Nacional de Informações). Em seu mandato presidencial foram assinadas a Lei de Anistia, em 1979, e convocadas eleições civis que elegeram Tancredo Neves, tendo assumido seu vice, José Sarney, em 1985

Rua Senador Filinto Müller

Senador por quatro vezes entre 1947 e 1973, foi chefe da Polícia Política durante o Estado Novo, instaurado pela ditadura Vargas, tendo participado de operações para capturar lideranças do movimento comunista, incluindo Luís Carlos Prestes e sua companheira, Olga Benário, extraditada e assassinada pelo regime nazista. Foi presidente da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido situacionista do regime militar de 1964

Avenida General Golbery Couto e Silva

General, foi um dos ideólogos do movimento que resultou no golpe de Estado de 1964 que instalou o regime ditatorial marcado por graves violações aos direitos humanos. Foi chefe do SNI (Serviço Nacional de Informação) de 1964 a 1967, órgão de inteligência que fundamentou as perseguições políticas, torturas e execuções durante o período militar

Rua Hely Lopes de Meirelles

Juiz e advogado, comandou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a partir de 1968. Defensor do AI-5, elevou Sérgio Fleury ao comando do Dops, responsável por torturas e assassinatos de presos políticos. Há indícios de seus apoio à formação do “Esquadrão da Morte”, responsável por crimes de lesa-humanidade

Rua Henning Boilesen

Empresário dinamarquês, proprietário da Ultragás, foi um dos principais industriais a financiar a Oban (Operação Bandeirantes), aparato repressivo que vitimou diversos presos políticos durante a ditadura militar. Por vezes visitou o Destacamento de Operações de Defesa Interna e dá nome a um dos mais violentos instrumentos de tortuta, a “pianola Boilesen”. Em 1971, foi morto por militantes da resistência contra o regime

Praça general Humberto de Souza Melo

General do Exército, atuou na ESG (Escola Superior de Guerra) e participou ativamente da ação que culminou no golpe de 1964, que instaurou o regime militar, responsável por graves violações aos direitos humanos

Rua Mário Santalucia

Médico-legista do IML (Instituto Médico Legal de São Paulo). Teve participação em caso de emissão de laudo necroscópico fraudulento

Praça general Milton Tavares de Souza

General, foi chefe do CIE de novembro de 1969 a março de 1974. Dirigiu a Operação Marajoara, na fase final de extermínio da Guerrilha do Araguaia, quando houve o desaparecimento forçado e a ocultação de cadáveres dos últimos membros das forças guerrilheiras

Rua Octávio Gonçalves Moreira Junior

Delegado de polícia, serviu no Dops-SP (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) e posteriormente no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Iperações de Defesa Interna). Teve participação em casos de tortura e ocultação de cadáveres. Foi morto em 1973 por militares da resistência ao regime

Rua Olímpio Mourão Filho

General, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964, responsável por graves violações aos direitos humanos. Foi presidente do Superior Tribunal Militar (1967 - 1969) -responsável por uma série de perseguições políticas no período

Rua Sérgio Fleury

Delegado da polícia, serviu no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo durante a ditadura militar e no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime). Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e outras graves violações aos direitos humanos, tendo coordenado diversas operações de perseguição a opositores do regime. Foi acusado pelo Ministério Público em processos por liderar o “Esquadrão da Morte”, grupo de extermínio

Rua 31 de março

Reivindicada pelos apoiadores do golpe de 1964 como o dia da deposição do presidente João Goulart, instaurou o regime ditatorial que perdurou o país por 21 anos, responsável por perseguições, torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos

Viaduto 31 de Março

Reivindicada pelos apoiadores do Golpe de 1964 como o dia da deposição do presidente João Goulart, instaurou o regime ditatorial que perdurou o país por 21 anos, responsável por perseguições, torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos

Viaduto Governador Abreu Sodré

Governador do Estado de SP de 1967 a 1971, rebatizou a Força Pública como Polícia Militar, que passou a receber instruções do Exército, Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) e outras instituições com registros de torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos durante a ditadura

Rua Governador Roberto Costa Abreu Sodré

Governador do Estado de SP de 1967 a 1971, rebatizou a Força Pública como Polícia Militar, que passou a receber instruções do Exército, Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) e outras instituições com registros de torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos durante a ditadura

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]