Haitiano Obed vai cursar Engenharia Química: chance de refazer a vida.| Foto: Christiano Castellano/Secom-Unila

Aprovada para a única – e mais concorrida – vaga em Medicina, Patrícia Gérard teve a convicção de que queria ser médica após testemunhar o terremoto de 2010 no Haiti. A tragédia que matou mais de 300 mil pessoas não poupou a mãe e a irmã gêmea da jovem. “Queria ajudar muita gente, mas não tinha curso de medicina nem de enfermagem. Se tivesse, poderia ter ajudado a salvar muitas vidas”, lamenta.

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Na ocasião, sem ter condições físicas e profissionais de socorrer tantas vítimas, Patrícia permaneceu por duas semanas levando água e comida para a mãe, que estava com parte do corpo soterrado. Quando finalmente foi hospitalizada, ela não resistiu aos ferimentos e morreu. A história marcante é o que dá força a Patrícia para reafirmar o compromisso em voltar para casa. “As pessoas do meu país estão precisando de mim.”

Queria ajudar muita gente, mas não tinha curso de medicina nem de enfermagem. Poderia ter ajudado a salvar muitas vidas.

Patrícia Gérard sobre o terremoto.
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Neste ano letivo, 83 estudantes haitianos serão calouros na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. O grupo foi selecionado por meio do Programa Especial de Acesso à Educação Superior (Pró-Haiti), cujo objetivo é contribuir para a integração dos haitianos à sociedade brasileira e fortalecer o intercâmbio acadêmico entre os dois países.

Unila dará assistência estudantil a imigrantes acolhidos

O Programa Especial de Acesso à Educação Superior (Pró-Haiti) foi criado para atender haitianos residentes no Brasil, regularmente admitidos ou portadores de visto humanitário. A diferença em relação a outras iniciativas semelhantes é que na Unila os haitianos também receberão assistência estudantil, como auxílio-transporte, alimentação e moradia. Para manter os benefícios, o estudante deve alcançar o índice de rendimento acadêmico mínimo de seis pontos.

De acordo com o embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Cherubin, este tipo de parceria é irelevante principalmente devido ao grande fluxo migratório ocorrido após o terremoto de 2010. “Para eles é muito importante, além do trabalho, ter a possibilidade de continuar estudando e ter acesso às universidades e escolas técnicas. Parte deles ficará aqui, mas a maioria irá voltar para apoiar o desenvolvimento do nosso país”, explica.

Segundo a pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais da Unila, Gisele Ricobom, o programa faz parte do compromisso institucional da universidade. “Não poderíamos ignorar o Haiti, principalmente por toda a questão social vivida por aquele país. É uma grande alegria poder contribuir e permitir que eles tenham acesso e possam concluir o ensino superior.”

A Unila atualmente conta com estudantes do Brasil e de outros 11 países da América Latina. (VA)

Outra meta do programa é ajudar a diminuir o clima de hostilidade e os constantes casos de xenofobia sofridos por esses imigrantes. Estima-se que cerca de 40 mil haitianos vivam atualmente no Brasil. A maioria veio em busca de novas oportunidades após o país ter sido parcialmente destruído por um terremoto em 2010.

“Morar no Brasil é bom, mas muitos sofrem preconceito”, observa o haitiano Obed Ducles, que vai cursar Engenharia Química na Unila. Assim como outros compatriotas, ele tem vontade de colaborar para reconstruir sua terra natal. “Quero ajudar meu povo e dar outra vida a eles”, declara.

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Aprovada para a única – e mais concorrida – vaga em Medicina, Patrícia Gérard teve a convicção de que queria ser médica após testemunhar o terremoto de 2010. A tragédia que matou mais de 300 mil pessoas não poupou a mãe e a irmã gêmea da jovem. “Queria ajudar muita gente, mas não tinha curso de medicina nem de enfermagem. Se tivesse, poderia ter ajudado a salvar muitas vidas”, lamenta.

Na ocasião, sem ter condições físicas e profissionais de socorrer tantas vítimas, Patrícia permaneceu por duas semanas levando água e comida para a mãe, que estava com parte do corpo soterrado. Quando finalmente foi hospitalizada, ela não resistiu aos ferimentos e morreu. A história marcante é o que dá força a Patrícia para reafirmar o compromisso em voltar para casa. “As pessoas do meu país estão precisando de mim.”