Os repasses federais mensais de R$ 6,4 milhões para o custeio dos serviços ambulatoriais e de internações do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) são insuficientes para fechar o caixa. O HC trabalha com um déficit de R$ 2 milhões por mês, defasagem que atrapalha o pagamento de funcionários, a contratação de 1,2 mil servidores aprovados em concurso e a aquisição de insumos. O Ministério da Saúde informou que não irá aumentar os repasses em 2016.
O HC atende mais de 1 milhão de pessoas por ano e arrecada cerca de R$ 8 milhões por mês (contado os repasses da União e verbas oriundas de outros programas), mas tem despesas que giram em torno de R$ 10 milhões/mês.
Em julho, mais de cem funcionários contratados pela Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) entraram em greve. Eles reclamaram da falta do pagamento da primeira parcela do 13.º salário deste ano. A situação foi normalizada no mesmo dia.
A greve de julho foi a terceira do ano. A segunda paralisação se encerrou em 26 de junho, depois de 16 dias. Os funcionários aceitaram as propostas de aumento salarial de 9,83% (para quem ganha até R$ 2,5 mil) e de 6% (para trabalhadores com salários superiores). Os funcionários também entraram em greve em maio. Eles reclamaram da recusa da administração da Funpar de negociar com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Paraná (Sinditest-PR).
“Estamos com a situação totalmente defasada. O repasse de R$ 6,4 milhões corresponde ao montante normal enviado todos os meses. Mesmo com ele, continuamos operando com déficit de R$ 2 milhões”, explica a direção financeira do HC, via assessoria de imprensa.
O valor do déficit não inclui os custos com a folha de pagamento dos trabalhadores, que são custeados pelo Ministério da Educação - exceto os funcionários terceirizados pela Funpar.
Além disso, não há previsão para a contratação dos 1,2 mil servidores aprovados em concurso público da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O HC informa que a responsabilidade pela efetivação é da Ebserh. O Sinditest explica que o Ministério Público chegou a ajuizar uma ação, mas até o momento ninguém foi chamado.
Segundo o Sinditest, o hospital também convive com a falta de insumos básicos desde o começo do ano. “No dia a dia, os funcionários tentam se virar quase sem insumos como luvas, papel higiênico, envelopes, grampos e clipes. Os trabalhadores estão tirando dinheiro do próprio bolso para comprar essas coisas básicas e conseguir trabalhar”, explica Carmen Moreira, uma das coordenadoras do sindicato. O HC informa que faltou papel toalha nessa semana, motivado por um atraso na entrega da fornecedora.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde informa que foram destinados R$ 137 milhões a 59 hospitais no último mês. O valor corresponde à sétima parcela de pagamento do ano a esses estabelecimentos. Cerca de R$ 900 milhões de recursos federais foram empregados no custeio dos hospitais universitários de todo o país em 2016.
Além desses repasses, o Ministério da Saúde realiza ainda aportes financeiros por meio do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), efetivado em 2010. Neste ano, R$ 230 milhões já saíram para os hospitais. O HC recebeu duas parcelas dos R$ 5 milhões - a primeira em julho. No entanto, essa verba é condicionada para algumas despesas, como a recomposição do parque tecnológico, equipamentos, manutenção e o pagamento dos terceirizados.
De 2010 a 2015, o Ministério da Saúde repassou mais de R$ 2,6 bilhões aos hospitais universitários inscritos no REHUF.
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