Heloísa Helena, a menina brigona e estudiosa

Palmeira dos Índios (AL) – A menina Heloísa Helena Lima de Morais chamava a atenção com seus cabelos compridos. Mas diferente do estilo adotado hoje, como senadora, aos 7 anos ela costumava usar as madeixas soltas. Colegas e professores do Colégio Sagrada Família eram unânimes: Heloísa tinha o cabelo mais bonito da 1.ª série. Outras características da alagoana já chamavam atenção em 1969. De temperamento forte, era muito falante, brigona, atirada, estudiosa, mas muito sensível.

"Heloísa também era brigona. Não deixava ninguém mexer com ela. O dedinho dela já balançava! Naquela época, já colocava o dedinho no rosto dos colegas, como hoje faz com os colegas no Congresso", conta Ana Lúcia da Silva Santana, de 44 anos, amiga de 1.ª série.

Colégio particular de tradição religiosa, o Sagrada Família era dirigido por freiras holandesas que trocaram Amsterdã pela pequena Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas. Heloísa era uma das primeiras a chegar no colégio. Só entrava no pátio depois de uma inspeção da irmã Antonina. A mãe, a costureira Helena, era rigorosa com o uniforme da filha: saia pregueada, meião branco, tênis azul marinho, Conga, e blusa branca com o brasão da escola.

Como bolsista, Heloísa sabia que precisava ser uma boa aluna. E foi. O irmão Hélio estudava em escola pública. O outro irmão, Cosme, foi assassinado quando ela ainda era menina. O pai, Lula, morreu de câncer quando ela tinha 3 meses.

Mas a infância de Heloísa não foi muito diferente da de seus colegas do Sagrada Família. Ela viveu uma vida simples, mas nunca passou necessidade e teve uma boa formação escolar.

Antes de entrar na sala, os alunos cantavam o Hino Nacional todas as manhãs. E só tinham permissão para ir ao recreio se respondessem a tabuada sem errar na multiplicação.

"Quem não sabia a tabuada ficava de castigo. Mas Heloísa nunca perdeu um recreio", lembra Maria Auxiliadora Leão Maia, a Gutinha, de 45 anos, colega do Sagrada Família.

Na hora do intervalo, ela adorava jogar queimada. E gritava muito no jogo. "Acho que esse problema na voz de Heloísa foi de tanto gritar quando criança", brinca Lúcia de Fátima Morais Marques, prima e colega de Heloísa no Sagrada Família.

No colégio, treinava ginástica rítmica e era apaixonada pela cantora paraguaia Perla, lembram as amigas. Costumava cantar e pentear os seus cabelos igual a cantora. O melhor presente que ganhou na infância foi um compacto de vinil de Perla.