Subir pelas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo até chegar a sua cúpula. Um piano de cauda, um espaço para ensaios e partituras. As entranhas do prédio em estilo Belle Époque, construído no começo do século 20, foram reveladas durante o desfile feminino de Alexandre Herchcovitch, que abriu o segundo dia da São Paulo Fashion Week, que vai até sexta-feira no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. Foi assim também com sua roupa.
As modelos desfilaram uma sequência de trajes velados, camisolas, detalhes rendados de lingeries, feitas à imagem e semelhança do fim do século 18. A delicadeza das peças, usadas em sua maioria sobrepostas, foi posta à prova pelo estilista, que exercitou a costura de baixo também na alfaiataria, provocando uma conversa inusitada e contemporânea entre sutileza e estrutura.
Em termos de tendências, o inverno será das cinturas marcadas, dos volumes discretos. Silhueta seca, simples e feminina. Herchcovitch apostou nos comprimentos mais longos e pouco abaixo dos joelhos. Entre os tecidos, muita lã, couro e renda aplicada. Na cartela de cores, preto, nude, cinza e toques de vermelho e fúcsia.
A Acquastudio reforçou a estética retrô, das mulheres sóbrias e comportadas, de cinturas certinhas e corpo delineado por tecidos nobres. Para aquecer pelerines. Para refrescar, renda e tecido transparente. O desfile mergulhou na estética do pós-guerra, nos anos 1940, na feminilidade nada óbvia.
O dia teve ainda Fernanda Yamamoto, que trabalhou uma gama de estampas desenhadas à mão, florais feitos à canetinha e aquarela. O segundo dia de desfiles teve ainda a elegância dos modelos de Vitorino Campos e Juliana Jabour. E para hoje estão programados os desfiles de FH Fause Haten, Ellus, João Pimenta, Forum, Triton e Cavalera.
*A repórter viajou a convite da organização do SPFW.