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Rosa Fischer Schmmtiz, 82 anos: filhos vão ajudar a reconstruir a casa arrasada pela chuva no Morro do Baú | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Rosa Fischer Schmmtiz, 82 anos: filhos vão ajudar a reconstruir a casa arrasada pela chuva no Morro do Baú| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
  • José Altino Richart: depois de perder parte da família na tragédia, hora de reconstruir
  • Heitor Fucks: abrigado

Ilhota - Eles têm 60, 70, 80 anos e nunca imaginaram que nessa fase da vida teriam de recomeçar. Idosos atingidos pelo desastre provocado pelas chuvas em Santa Catarina sofrem a dor da perda de parentes, vêem o lugar onde nasceram ser atingido por deslizamentos de terra e, já aposentados, pensam em como reconstruir suas vidas. Muitos deles, inclusive, foram verdadeiros heróis.

O aposentado José Altino Richart, 59 anos, trabalhou por dez horas para socorrer a filha, Giane, que estava soterrada. A casa em que eles moravam, no Morro do Baú, em Ilhota, desabou antes que ela pudesse sair. Faltava luz elétrica, os vizinhos estavam ilhados e não podiam ajudar. Uns tentaram buscar uma motosserra, mas ela não funcionou.

Richart ficou sozinho com a filha a noite toda, até chegar a equipe de socorro, na manhã seguinte. O pai conta que Giane gritava pedindo ajuda para sair dos escombros e que sentia muita dor. Ele lembra do momento em que tentou diminuir o sofrimento da filha, que reclamava de sede: torceu o pijama molhado da chuva para lhe dar água. Nunca passou tanto frio. Quando os vizinhos conseguiram chegar até a casa, Giane foi retirada dos escombros. Ainda chorava de dor, mas não resistiu e morreu durante o atendimento médico. A tragédia de Santa Catarina tirou a filha, a esposa, a cunhada, o irmão, sobrinhos, genro e neto de Richart. Ele só encontra alegria hoje quando está com os netos que sobreviveram.

A dona de casa Rosa Fischer Schmmitz, 82 anos, que morava no Morro do Baú, também passou por momentos difíceis. Ela e o marido estavam sozinhos em casa quando a chuva do dia 23 de novembro provocou deslizamentos no Morro do Baú. Rosa foi se abrigar no sótão, mas o marido tinha dificuldade para andar e ficou na cama. Ele berrava de dor, a chuva ia aumentando e ela não podia ajudá-lo.

"Ele disse que preferia ficar em casa e que se fosse para morrer, morreria aqui", lembra Rosa. "Eu fui para o sótão e a água não chegou nele. A cama era mais alta. Se chegasse água, ele ia morrer mesmo." Só depois de quatro dias, o casal conseguiu sair de casa e hoje dorme em casas de parentes e se conforta indo à igreja ou rezando. Além das orações, uma boa conversa pode animar a dona de casa, que vai do choro ao riso num piscar de olhos.

Rosa terá a ajuda dos dez filhos para reconstruir a vida. Já o aposentado Heitor Fucks não tem muitas perspectivas. No abrigo desde que sua casa foi considerada de risco, ele só pensa em voltar para a propriedade, onde planta e cria animais. "Nunca estava esperando que fosse acontecer a tragédia no nosso santo lugar."

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