Acre - O ex-deputado Hildebrando Pascoal, acusado pelo "crime da motosserra", foi interrogado ontem, no segundo dia do júri popular, que acontece em Rio Branco, no Acre. Ele negou ter sequestrado, torturado e matado o mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, em vingança pela morte de seu irmão Itamar Pascoal, em 1996. Segundo ele, o autor do crime foi Alípio Ferreira, que está morto. O policial e ex-vereador, dono do galpão onde a vítima foi assassinada, era pessoa de confiança do ex-parlamentar. O acusado voltou a adotar a estratégia de tentar desqualificar seus acusadores. "Eu tinha interesse no Baiano vivo para saber onde estava o assassino do meu irmão", afirmou, referindo-se a José Hugo, o Mordido, que disparou contra Itamar Pascoal.
O julgamento, que começou segunda-feira, foi interrompido por volta das 22 horas e retomado por volta das 9 horas de ontem. A previsão é de que acabe hoje. O ex-parlamentar e ex-coronel da Polícia Militar é acusado de ter comandado entre as décadas de 80 e 90 um grupo batizado pela polícia de "esquadrão da morte". Preso há dez anos, ele negou até agora não só a autoria do "crime da motossera", mas também atribuiu todas as denúncias que pesam contra ele a uma perseguição política. "Sou um preso político."
O crime
Entre os dias 1.º e 2 de julho de 1996, Baiano, ainda vivo, teve os olhos perfurados, braços, pernas e pênis amputados com uma motosserra, um prego cravado na testa e o corpo, por balas. Para o Ministério Público Estadual, o crime foi uma vingança comandada pelo ex-deputado. Hildebrando está preso desde 1999 por outros crimes e já foi condenado por dois assassinatos de testemunhas que prestaram depoimento nestes processos. Sua pena, somada, chega a 88 anos de prisão dos quais, cumprirá no máximo 30.
Ontem, no banco dos réus, ele enfrentou pela primeira vez a viúva de Baiano, Evanilda Lima de Oliveira, seus filhos Emanuele e Everson, e o bispo Dom Moacir Grecchi. Os quatro deram os mais contundentes depoimentos do júri. Ao todo, foram ouvidas 15 testemunhas (de acusação, de defesa e do juiz) no primeiro dia do julgamento. Todas confirmaram, direta e indiretamente, a tese do Ministério Público Estadual de que nos primeiros dias de julho de 1996, Hildebrando Pascoal, seus familiares e policiais ligados a eles empreenderam uma "caçada" para encontrar e executar o assassino de seu irmão.
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