Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Polícia Científica

Hipnose para solucionar crimes

  • Ícone de reações Concordo
  • Ícone de reações Concordo parcialmente
  • Ícone de reações Penso diferente

Depois de três anos desativado, o Laboratório de Hipnose Forense do Paraná pode voltar a funcionar. A proposta é do novo diretor do Instituto de Criminalística (IC), Antonio Edison Vaz de Siqueira. Ele apresenta o projeto nesta semana ao secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César. Siqueira já foi diretor do IC, entre 1995 e 1999, quando criou o laboratório. Agora ele pretende retomar o serviço que ajudou a polícia científica, na época, na resolução de diversos crimes.

A iniciativa do Paraná é pioneira na América Latina. A hipnose é um instrumento médico psicológico normalmente usado para ajudar testemunhas e vítimas que ficaram com amnésia parcial ou total. Uma pessoa, por exemplo, pode ser submetida à hipnose para ajudar a montar o retrato falado do criminoso. Entre 1999 e 2008, o laboratório fez cerca de 700 sessões e em praticamente todas conseguiu alguma pista que ajudasse na investigação. Além do retrato falado, os hipnotizados podem auxiliar com detalhes para re­­constituir o crime.

O laboratório foi desativado há três anos, quando o único perito criminal com qualificação e responsável pelo setor, Rui Sampaio, se aposentou. A ideia é que Sampaio, que também tem formação em Medicina e Psicologia, volte e ajude a reativar o laboratório, treinando outros peritos.

Segundo Sampaio, o custo de reativação seria mínimo para o estado. O local onde o laboratório funcionava ainda existe. Seria preciso apenas investir em informatização e criar um cargo comissionado para Sampaio assumir o compromisso. ?Acho que todo recurso que venha a somar para a identificação de um crime é válido?, diz. O IC confirma a necessidade de uma reforma no espaço para voltar a funcionar.

Crimes

A maioria dos casos solucionados com ajuda da hipnose envolvia crimes sexuais. ?É um crime no qual não existe testemunho. É uma situação traumatizante e a vítima inconscientemente tenta apagar essa lembrança?, afirma Sampaio. ?Em uma situação como essa você não tem nenhum elemento para investigação.?

Desfazer esse trauma era o objetivo de Sampaio. Durante o transe, a pessoa era convidada a regressar à lembrança de fatos passados e, quanto mais profundo o estímulo, mais os detalhes vinham à tona. Só eram submetidas ao procedimento testemunhas e vítimas de crimes com amnésia total ou parcial, desde que consentissem. Os suspeitos, réus e indiciados ficavam de fora porque, pela legislação, ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Nos casos mais graves, as pessoas eram medicadas antes das sessões.

A hipnose é um estado intermediário entre estar acordado e em sono profundo. Durante o transe, a pessoa continua consciente e pode, sim, segundo Sampaio, mentir.

Iniciativa

Em São Paulo, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa se inspirou no exemplo do Paraná para criar um laboratório de hipnose na Polícia Civil. Um projeto vem sendo elaborado desde o ano passado para colocar o laboratório em funcionamento, ainda sem sucesso. A ideia é fazer uma parceria com os médicos do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de São Paulo. O secretário que tinha a intenção de criar o setor de hipnose forense, porém, saiu do cargo e o novo ainda não se manifestou sobre o assunto.

VIDA E CIDADANIA - Ex-perito criminal conta como funcionava laboratório

+ VÍDEOS

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.