Se a presidente Dilma trava hoje uma luta contra a balança — fez dieta, exercícios e a anda de bicicleta por Brasília —, Isabel também não deixou de brigar com o peso enquanto governou o Brasil. Recorreu a dietas, cavalgava e fazia caminhadas. Mas o vilão do peso, relatado nas cartas, mostrava-se mais difícil de vencer do que o desafio da articulação política. Gulosa, não resistia ao feijão preto. Ao informar ao marido — que estava em combate na guerra do Paraguai —, sobre como andava a dieta, Isabel fazia mea culpa e dizia que, por várias vezes, não conseguia abandonar a geleia de laranja, deixar de lado os doces de ovos, evitar o pão com manteiga e, principalmente, não desfrutar de bolos e pães de ló.
Pesquisadora do Museu Imperial, a historiadora Fátima Argon, que há 30 anos estuda a vida da princesa, diz que, antes de ir para a guerra, conde d’Eu recomendou à mulher que cuidasse das gorduras a mais e “pensasse em Banting”: “Ela falava sobre os pecados contra Banting. Nas primeiras leituras não sabíamos o que significava. Mas depois descobrimos que tratava-se de William Banting, um homem que pesava cem quilos e, após uma dieta, perdeu 40. Quando o conde d’Eu lembrava de Banting nas cartas, ele usava uma forma sutil de dizer que Isabel precisava emagrecer”, conta Fátima, ao lembrar que numa das correspondências conde d’Eu afirmou aos familiares que sua mulher não era bonita, mas que tinha outros atributos que o conquistaram.
Isabel não se importava com as indiretas do marido, continuava amando-o. Romântica, ela assinava as cartas para o conde de forma sensual: “de sua cocote” — na época, a palavra era usada como sinônimo de meretriz; mulher elegante, mas mundana; de vida fácil. Nas cartas ao conde, volta e meia retornava ao assunto alimentação e falava de sua paixão por morangos e vinhos: “Chegou uma enorme provisão de vinho e contamos de esquecer os tormentos da solidão entregando-nos às delícias de Baco”, escreveu Isabel, ensinando a fórmula para conviver com a falta do marido e a solidão nas noites frias de Petrópolis.
Isabel deixava transparecer sua vaidade feminina. Porém, condenava exageros. Na troca de correspondência com a irmã e a condessa de Barral, comentava que havia repetido roupas em solenidades e festas — prática difundida pela presidente Dilma —, e que não tinha tantos vestidos quanto a maioria das damas da Corte. Ela não costumava elogiar outras mulheres do império: “Esqueci de dizer que vimos a Vicentina. Não é bonita, mas achei agradável”, pontuou em uma das correspondências.
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