A região que um dia viu a roda ser inventada e o homem dominar o fogo está longe de viver seus dias de paz. Antes de bombas e atentados assombrarem o Oriente Médio, a região surgia como o “berço da civilização”. Cerca de 3,5 mil anos antes de Cristo nascer, a localidade entre os vales dos rios Tigres e Eufrates presenciava o surgimento de uma civilização avançada na chamada Mesopotâmia – hoje, Iraque.
Técnicas agrícolas e pecuárias foram desenvolvidas por esses povos. A alquimia e linguagem deram seus primeiros passos. Essas milenares civilizações ensinavam ao resto do planeta técnicas que influenciariam diretamente o mundo moderno.
Como explica Jorge Mortean, mestre em Estudos Regionais do Oriente Médio e professor da fundação Armando Alvares Penteado, o “berço civilizatório” compreendia dois grupos civilizatórios: sumérios, elamitas e medas, na Mesopotâmia, e os núbios e egípcios, próximo ao Rio Nilo. “O convívio entre estes povos era pacífico, pois o planejamento social era algo avançadíssimo”, explica Mortean.
Com o passar dos anos, o aumento demográfico ameaçava a segurança alimentar dessas sociedades. “Os povos travaram disputas por maiores domínios territoriais, na tentativa de acessar mais recursos naturais, sobretudo hídricos”, relata. Com proximidades étnico-linguísticas entre uns e outros, o resultado dessas lutas foram a formação de grandes impérios, como Assírios, Caldeus, Babilônicos, Persas, Fenícios e Faraônicos.
“A região, apesar das disputas políticas, não vivia em infindáveis conflitos como hoje. Ao contrário, encontrava-se no seu ápice científico e cultural”, explica.
Mudança
Contudo, a partir do século 3, duas potências da época, Pérsia e Roma, com o chamado Império Bizantino, disputaram cada milímetro daquela região.Foram séculos de luta. As batalhas seguiram até o século 7, quando surge o Islã, fundado pelo profeta Maomé.
Com a expansão do islamismo,foi criado o califado como símbolo da unidade do Islã. Diante disso, algumas tentativas de cristianizar a região tiveram início –de 1096 até 1291 oito Cruzadas tentaram êxito no Oriente Médio.
“Os problemas políticos, e não culturais, com o Ocidente começam quando a Europa se cristianiza e tenta atrasar o desenvolvimento técnico-cultural dos árabes, barrando sua expansão territorial. Os conflitos se estabilizaram depois das Cruzadas”, resume Mortean.
A partir do século 15 se forma um novo império muçulmano: o dos turcos-otomanos, que tomaram Constantinopla em 1453. A última grande potência muçulmana só caiu depois da 1ª Guerra Mundial. ‘Até então, toda aquela região estava de posse do Império Turco Otomano, tanto o chamado Levante (Síria, Jordânia, Líbano e Palestina), quanto a Península Arábica”, explica Andrew Traumann, doutor em História e professor da Unicuritiba.