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a história se repete?

As figurinhas repetidas do impeachment no Congresso

 | Valter Campanato/ABr
(Foto: Valter Campanato/ABr)

Há 24 anos, o Congresso brasileiro discutia intensamente os rumos do governo do então presidente Fernando Collor de Mello. Brasília, tal qual nos dias de hoje, fervia politicamente. Em meio ao processo que resultou na cassação do mandato de Collor, em 1992, figuravam pelo menos 45 personagens – a maioria deputados federais – que duas décadas depois permanecem, de uma forma ou de outra, protagonistas na cena política brasileira, exercendo influência no atual processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff.

Algumas dessas “figurinhas repetidas”, porém, mudaram drasticamente de posição; outras, em ambas as situações, continuam opositoras ao governo. Teve quem mudou de cargo ou função; muitos deles, de partidos. Mesmo passado tanto tempo, o cenário indica como o futuro da atual presidente e do Brasil ainda depende de alguns políticos “veteranos” da era Collor.

Bye, bye Fernandinho

Então estreante na Câmara federal, o deputado Jaques Wagner (PT) foi um dos ferrenhos opositores do Planalto em 1992 e agora está do outro lado do “front” político. Até poucas semanas atrás, ocupava o ministério mais importante do governo Dilma, a Casa Civil, e é um dos petistas mais próximos da presidente. Nos anos 90, Wagner chegou a terminar um discurso prevendo o resultado da votação do impedimento de Collor com as palavras “bye, bye, Fernandinho”.

Ronaldo Caiado (DEM) é outro que está em situação completamente oposta à que viveu duas décadas atrás. Ele foi um dos 38 deputados fiéis a Collor durante a votação do impeachment e hoje, como senador, é um dos líderes da oposição que defendem a saída de Dilma. O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Pauderney Avelino, vive realidade distinta. Então deputado pelo PDS, atual PP, ele acatou a denúncia contra Collor e, em 2016, também é um dos principais nomes que reverberam posição pelo afastamento de Dilma.

Figurinhas premiadas

Mas nem sempre as figurinhas carimbadas da política ocupam cargos eletivos. Personagem central no processo atual de impeachment, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não tinha mandato eletivo na década de 90, mas cultivava boas relações com o “impeachmado” Collor. Cunha seria um dos principais captadores de dinheiro da campanha do ex-presidente. Depois de eleito, Collor “presenteou” o colega com a presidência da Telerj, a antiga companhia telefônica do estado do Rio de Janeiro.

Outra figura importante no atual processo é o jurista Hélio Bicudo. Mesmo, em tese, fora da cena política, ele é um dos responsáveis pela elaboração do pedido de impedimento de Dilma, aceito por Eduardo Cunha. Voltando ao passado, porém, verifica-se que Bicudo ocupava uma cadeira de deputado federal pelo PT quando Collor perdeu a batalha na Câmara. Como atesta o cientista político Bruno Bolognesi, mudar de posição política faz parte do jogo. “É natural à medida que se muda o adversário”, constata.

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