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70 anos do aeroporto

Construção do Afonso Pena teve know-how do Exército dos EUA

Canteiro de obras do aeroporto foi compartilhado entre engenheiros norte-americanos e operários brasileiros. | Acervo/Infraero
Canteiro de obras do aeroporto foi compartilhado entre engenheiros norte-americanos e operários brasileiros. (Foto: Acervo/Infraero)

O engenheiro norte-americano Edward Leonard Pine nunca imaginou que conheceria Curitiba. Nascido e criado no estado de Nevada, levava a vida trabalhando em empresas de construção. A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, porém, o trouxe ao Brasil.

Como major do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, a missão dele era chefiar a construção do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Uma obra bancada pelo Ministério da Aeronáutica, que recorreu ao know-how dos ianques, que já haviam levantado e reformado bases aéreas no Nordeste brasileiro.

“Em abril de 1944 fui enviado para Curitiba com outros quinze oficiais. Lá construímos duas pistas e no fim fomos condecorados pelo governo brasileiro pelo trabalho que fizemos e pela forma como fizemos”, relatou Pine a um programa de história oral da Universidade de Nevada em 1982.

A obra se prolongou de abril de 1944 a maio de 1945, um período curto para um empreendimento vultuoso para a época: duas pistas asfaltadas de 1.800 metros de comprimento por 45 metros de largura, pistas de táxi, um pátio para aeronaves e um edifício de apoio.

O major Pine e sua equipe tinham experiência, mas a construção de um aeroporto não estava entre as habilidades dos trabalhadores locais contratados pela Cia. Metropolitana de Construções Ltda., de Haroldo Cecil Poland. Alguns trabalhos, como a operação de grandes máquinas, eram feitos pelos norte-americanas, ao menos no início.

O edifício, que seria transformado em estação de passageiros em 24 de janeiro de 1946 ao ser aberto para a aviação comercial, foi o mais simples de toda a obra. O telhado, entretanto, demandou um tipo de ‘funcionário’ bem específico. “As telhas foram feitas por senhoras que moldavam a forma da telha nas pernas para que pudéssemos ter as telhas todas do mesmo tamanho. Só que isso levou um tempo para funcionar porque elas não trabalhavam todos os dias”, lembrou o major.

O empreendimento deixou o Afonso Pena preparado mais para ser uma base militar do que para servir a aviação civil, como era o propósito inicial no início da década de 1940, antes de o Brasil se engajar no conflito. E apesar de não ser um ponto importante na estratégia de guerra dos EUA como o Nordeste, Curitiba poderia mudar de patamar caso os alemães usassem a Argentina para tentar derrubar governos aliados.

“Na hipótese de guerra no cone sul em 1944, a nova base aérea do Afonso Pena com certeza seria elevada à condição de QG da Força Aérea dos EUA no sul do Brasil e se convertido no seu principal ponto de apoio logístico”, opina Dennison de Oliveira, professor do Curso de História da UFPR, autor dos livros Aliança Brasil-EUA: Nova História do Brasil na Segunda Guerra Mundial e Extermine o Inimigo: Blindados Brasileiros na Segunda Guerra Mundial.

Após concluída a obra, no início de maio de 1945, o major Pine e os outros oficiais se despediram de Curitiba e foram enviados para outras bases norte-americanas na América do Sul. E nos pouco mais de quatro meses até que a guerra chegasse ao fim, o aeroporto Afonso Pena não viu sequer um avião pertencente aos Estados Unidos.

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