Um novo olhar e novas informações por meio de fotografias tiradas no início do século passado. Com modernas técnicas utilizadas para colorir fotos históricas antigas, originalmente em preto e branco, essas imagens ganham diferentes significados e percepções. Muitos artistas têm se dedicado a essa prática, como o inglês Jordan Lloyd e seu projeto Dynachrome. No Brasil, a técnica chamou a atenção da mineira Marina Amaral, que já ganhou projeção internacional decorrente do seu trabalho.
Embora a primeiro filme colorido moderno, o Kodachrome, tenha sido introduzido no mundo em 1935, foi só na década de 1960 que os filmes negativos coloridos se popularizam. Por isso, grande parte dos registros históricos que marcaram o planeta, como a 1.ª e a 2.ª Guerra Mundial e até a Guerra do Vietnã, foi eternizada pelas imagens em preto e branco.
Como o risco de alterar a realidade ao colorir uma imagem tão emblemática existe, pesquisas e leituras tornam-se fundamentais para nortear o trabalho de artistas que atuam neste ramo. Marina, por exemplo, conta que estuda e pesquisa muito ao tratar e colorir uma foto e não deixar nenhum detalhe passar despercebido ou ser tratado de maneira aleatória.
“Eu tomo o maior cuidado para respeitar todos os detalhes históricos contidos em uma imagem, e é por isso que dedico tanto tempo à pesquisa antes de começar a restauração”, ressalta. Colorir fotos consideradas grandes e complexas podem demorar meses, segundo ela.
Marina salienta que não cabe encarar esse processo como uma brincadeira. “Essas fotos têm um significado muito importante que precisa ser preservado. Por essa razão eu não me dou a liberdade de jogar cores aleatórias e tratar a foto como eu bem entender. Um trabalho minucioso é feito para que a essência original seja mantida”, conta a artista.
Ela se interessou pelo processo quando encontrou algumas colorizações na internet. “Eu sempre fui apaixonada por história e essas fotografias sempre chamaram a minha atenção. Trabalho com qualquer tipo de imagem, desde retratos de família a fotos mais complexas tiradas em 1800”, relata. Mas Marina guarda uma paixão especial: a 2.ª Guerra Mundial. “Para mim essas fotografias têm um significado especial, é um tema que eu estudo bastante”, explica.
Reação
A reação do público, segundo ela, é geralmente positiva e a maioria das pessoas entendem a proposta do seu trabalho. “O que eu faço é meramente oferecer uma segunda perspectiva e não tentar apagar a existência da foto original”, justifica.
Marina confessa que nunca esperou que seu trabalho tomaria a proporção que tomou. “Isso me enche de orgulho. Eu já recebi mensagens de pessoas que possuem ligações íntimas e pessoais com determinadas imagens, muito emocionadas e agradecidas pelo meu trabalho. Isso não tem preço”, confessa a artista.