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ativismo ambiental

O martírio da “Guerreira do Arco-Íris”

A tripulação da Rainbow Warrior I, que naufragou em 1985. A imagem foi tirada pelo fotógrafo português Fernando Pereira, que morreu no atentado ao barco. | Fernando Pereira/© Greenpeace / Fernando Pereira
A tripulação da Rainbow Warrior I, que naufragou em 1985. A imagem foi tirada pelo fotógrafo português Fernando Pereira, que morreu no atentado ao barco. (Foto: Fernando Pereira/© Greenpeace / Fernando Pereira)

Sob o mar ao norte da Nova Zelândia, na Baía de Matauri, o casco submerso e enferrujado da embarcação hoje abriga peixes, moluscos e corais. Em meio aos despojos do naufrágio, a vida se renova. Na noite de 10 de julho de 1985, a alguns quilômetros dali, no porto de Auckland, o navio do Greenpeace Rainbow Warrior I descia ao fundo do Oceano Pacífico com dois rombos no casco, provocados por bombas colocadas por agentes do serviço secreto francês.

Na ocasião, o barco estava sendo preparado para liderar uma pequena esquadra que iria protestar contra os testes nucleares realizados pela França no Atol de Mururoa, na Polinésia Francesa. Além dos prejuízos materiais e da interrupção súbita nas ações da organização não governamental, o atentado ceifou a vida do fotógrafo português Fernando Pereira, integrante da ONG.

Símbolo da luta pelas causas ambientais, a Rainbow Warrior (os ativistas do Greenpeace se referem ao barco como “ela”, a “Guerreira do Arco-Íris”) é tida desde o fim dos anos 1970 como um ícone do enfrentamento e da ousadia – por vezes controversa – da ONG ante a ganância de petrolíferas, a inconsequência de governos e seus experimentos atômicos ou a caça desenfreada de baleias. Se por um lado o atentado deixou um rastro de morte e destruição, por outro parece ter renovado o fôlego dos ambientalistas, não só do Greenpeace. O martírio do barco e de sua tripulação em águas neozelandesas aproximou as lutas dos ativistas dos holofotes da mídia, atraindo a atenção de cidadãos ao redor do mundo. Hoje, mais do que nunca, são as doações desses cidadãos que patrocinam as atividades da ONG.

2011: a Rainbow Warrior III no cais de Fassmer, em Bremen, na Alemanha, prestes a ser lançada ao mar. A terceira versão do barco foi construída especialmente para atender às necessidades técnicas e logísticas dos ativistas do Greenpeace. | Oliver Tjaden/Greenpeace

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2011: a Rainbow Warrior III no cais de Fassmer, em Bremen, na Alemanha, prestes a ser lançada ao mar. A terceira versão do barco foi construída especialmente para atender às necessidades técnicas e logísticas dos ativistas do Greenpeace.

Parte da proa da Rainbow Warrior I, naufragada em 1985 após um atentado a bomba promovido pelo governo francês. | Reprodução

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Parte da proa da Rainbow Warrior I, naufragada em 1985 após um atentado a bomba promovido pelo governo francês.

A tripulação da Rainbow Warrior I, que naufragou em 1985. A imagem foi tirada pelo fotógrafo português Fernando Pereira, que morreu no atentado ao barco. | Fernando Pereira /Greenpeace

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A tripulação da Rainbow Warrior I, que naufragou em 1985. A imagem foi tirada pelo fotógrafo português Fernando Pereira, que morreu no atentado ao barco.

Mergulhador passa ao lado do casco naufragado da Warrior I, na Baía de Matauri, na Nova Zelândia | Reprodução

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Mergulhador passa ao lado do casco naufragado da Warrior I, na Baía de Matauri, na Nova Zelândia

A Warrior afunda próximo ao porto de Auckland, na Nova Zelândia em julho de 1985. Duas bombas colocadas no casco do navio explodiram pouco antes da meia-noite do dia 10 daquele mês, levando a embarcação a pique. | Brian Latham/Geenpeace

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A Warrior afunda próximo ao porto de Auckland, na Nova Zelândia em julho de 1985. Duas bombas colocadas no casco do navio explodiram pouco antes da meia-noite do dia 10 daquele mês, levando a embarcação a pique.

Em 2011, tripulação da Warrior coleta amostras de água do mar para analisar os níveis de radiação próximo à costa leste do Japão, nos arredores da usina nuclear de Fukushima, atingida por um tsunami em março daquele ano, o que causou vazamento de radiação. | Jeremy Sutton-Hibbert/Greenpeace

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Em 2011, tripulação da Warrior coleta amostras de água do mar para analisar os níveis de radiação próximo à costa leste do Japão, nos arredores da usina nuclear de Fukushima, atingida por um tsunami em março daquele ano, o que causou vazamento de radiação.

Julho de 1985: a Warrior I afunda em Auckland, Nova Zelândia. Incidente provocado por bombas sob o casco do navio teve enorme repercussão na época. | John Miller/Greenpeace

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Julho de 1985: a Warrior I afunda em Auckland, Nova Zelândia. Incidente provocado por bombas sob o casco do navio teve enorme repercussão na época.

O fotógrafo português e ativista ambiental Fernando Pereira morreu afogado em sua cabine ao tentar salvar o equipamento de fotografia durante as explosões que afundaram o navio. | Greenpeace

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O fotógrafo português e ativista ambiental Fernando Pereira morreu afogado em sua cabine ao tentar salvar o equipamento de fotografia durante as explosões que afundaram o navio.

O que restou do primeiro navio Rainbow Warrior hoje serve de “lar” para peixes e outras espécies marinhas. | Reprodução

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O que restou do primeiro navio Rainbow Warrior hoje serve de “lar” para peixes e outras espécies marinhas.

Mergulhadora nada entre os destroços da embarcação, que hoje serve para reprodução da vida marinha. | Reprodução

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Mergulhadora nada entre os destroços da embarcação, que hoje serve para reprodução da vida marinha.

O naufrágio não alterou a política do Greenpeace, tanto que outros dois navios denominados Rainbow Warrior prosseguiram com o legado do barco original, ao lado de outras duas embarcações da ONG: Esperanza e Arctic Sunrise. “A consequência maior do que aconteceu lá [o naufrágio] foi a organização começar a ter um cuidado maior em relação ao tipo de confronto e com quem você está lidando. Isso impacta nos nossos protocolos: como preparar esse tipo de trabalho; como avaliar melhor as reações; que risco a organização está disposta a correr; que tipo de pessoa você envolve nos diferentes projetos”, enumera Agnaldo Vasconcelos, coordenador do Departamento de Logística do Greenpeace no Brasil.

Autonomia

Os navios dão ao Greenpeace a capacidade de estar onde a ação pede, seja no gelo do Ártico para impedir a extração de petróleo, nos mares do Oriente para denunciar a pesca ilegal ou mesmo operar em locais isolados da Amazônia. Além disso, eles possuem alta capacidade tecnológica, com comunicação via satélite, internet banda larga e outros dispositivos.

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