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legado

O Paraná segundo os Rebouças

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Eles desenvolveram projetos de estradas, ferrovias, sistemas de abastecimento de água, participaram da Guerra do Paraguai, lutaram pela emancipação dos escravos, sonharam com a industrialização e com um Brasil desenvolvido.

Os irmãos baianos André e Antonio Rebouças, dois negros alforriados que viveram em pleno período de Escravidão, cravaram seus nomes na história paranaense.

Ao desembarcar no Paraná, eles assumiram parte da responsabilidade de transformar uma província ainda em construção. Em 1864, uma década depois da Emancipação de São Paulo, os Rebouças iniciaram sua trajetória na região. O chafariz na Praça Zacarias, em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a Ferrovia Paranaguá-Curitiba e o Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos legados dos engenheiros.

O jornalista e pesquisador Jorge Narozniak, no livro Histórias do Paraná (2010), escreveu que a primeira missão dos Rebouças foi comandar a construção da Estrada da Graciosa, que desde 1854 estava sendo idealizada para ligar o planalto ao Litoral Paranaense. Em 1864, Antonio foi nomeado engenheiro-chefe da Estrada da Graciosa e formulou o projeto do empreendimento.

O pesquisador da obras dos Rebouças, Alexandro Trindade, da UFPR, afirma que a importância dessa obra para a província foi indubitável. “A Estrada da Graciosa permitiu o escoamento de matérias-primas como madeira e erva-mate para o porto de Paranaguá”, salienta.

Indústria madeireira

Os irmãos também vislumbraram o que poderia ser o futuro econômico do estado. Segundo o estudo de Narozniak (o jornalista morreu em dezembro de 2013), a iniciativa do primeiro grande investimento madeireiro no Paraná se deve aos Rebouças, que organizaram a Companhia Florestal Paranaense, instalada em 1871 nas margens da Graciosa.

Foi a primeira indústria do Paraná a utilizar a energia de máquina a vapor. Com a abertura da Estrada da Graciosa, em 1873, o cenário se tornou promissor. A serraria, além de explorar o potencial do pinheiro, criou barricas de madeira de pinha para transportar erva-mate ao mercado europeu.

Ferrovia

Enquanto isso, os irmãos trabalhavam no que viria a revolucionar a história do Paraná: uma ferrovia entre Curitiba e o Litoral. Nesse ponto, destaca-se Antonio, que elaborou o primeiro estudo para a construção da estrada de ferro. A ideia era que a linha partisse de Antonina à capital da província. Em 1871, o pedido de concessão foi deferido.

A decisão acirrou os ânimos. Paranaguá não aceitava a decisão. O Visconde de Nácar e a família Correia, influentes, desejavam que o quilômetro zero estivesse em terras parnanguaras.

A pressão surtiu efeito. As disputas entre as cidades, a província e a Corte se arrastaram por quase quatro anos, até que um decreto de 1875 determinou que o trem partiria de Paranaguá. Antonio, contudo, não estava mais presente para assistir a esse embate. Morreu um ano antes, aos 35 anos, vítima de varíola.

A Corte solicitou uma nova análise do traçado e em 1877 foi aprovado um mapa atualizado, baseado nos originais de Rebouças. Passados dois anos, em 12 de agosto de 1879 foi autorizada a transferência da concessão para a Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, de capital francês. A obra foi inaugurada em 1885, muitos anos depois da morte de Antonio.

André Rebouças - envolvimento com associações abolicionistas e fim melancólico, num autoexílio na Ilha da Madeira, em Portugal. | Wikicommons/Rodolfo Bernardelli

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André Rebouças - envolvimento com associações abolicionistas e fim melancólico, num autoexílio na Ilha da Madeira, em Portugal.

Antonio Rebouças, o irmão que não viu pronta a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, pela qual trabalhou: morte aos 35 anos. | IHGPR/Reprodução

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Antonio Rebouças, o irmão que não viu pronta a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, pela qual trabalhou: morte aos 35 anos.

As torneiras da Praça Zacarias, no Centro de Curitiba: monumento documenta os inícios do saneamento na cidade. Mão dos Rebouças. | MARCELO ELIAS/MARCELO ELIAS

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As torneiras da Praça Zacarias, no Centro de Curitiba: monumento documenta os inícios do saneamento na cidade. Mão dos Rebouças.

Panorama da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba: tecnologia que mudou o destino do Paraná. | Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo/Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

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Panorama da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba: tecnologia que mudou o destino do Paraná.

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