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Eles desenvolveram projetos de estradas, ferrovias, sistemas de abastecimento de água, participaram da Guerra do Paraguai, lutaram pela emancipação dos escravos, sonharam com a industrialização e com um Brasil desenvolvido.

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Registro fotográfico da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba: portento da engenharia permitiu circulação de riquezas no então distante Paraná do século 19, abrindo a região para a modernidade. Imagem pertence ao acervo do Museu Paranaense. 

Os irmãos baianos André e Antonio Rebouças, dois negros alforriados que viveram em pleno período de Escravidão, cravaram seus nomes na história paranaense.

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Nome impresso na luta contra a Escravidão

Na década de 1880, André Rebouças chegou a participar da criação de algumas sociedades antiescravagistas, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão.Escreveu diversos artigos no jornal Gazeta da Tarde, estimulou a criação de uma Sociedade Abolicionista na Escola Politécnica e redigiu com José do Patrocínio o Manifesto da Confederação Abolicion

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Ao desembarcar no Paraná, eles assumiram parte da responsabilidade de transformar uma província ainda em construção. Em 1864, uma década depois da Emancipação de São Paulo, os Rebouças iniciaram sua trajetória na região. O chafariz na Praça Zacarias, em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a Ferrovia Paranaguá-Curitiba e o Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos legados dos engenheiros.

O jornalista e pesquisador Jorge Narozniak, no livro Histórias do Paraná (2010), escreveu que a primeira missão dos Rebouças foi comandar a construção da Estrada da Graciosa, que desde 1854 estava sendo idealizada para ligar o planalto ao Litoral Paranaense. Em 1864, Antonio foi nomeado engenheiro-chefe da Estrada da Graciosa e formulou o projeto do empreendimento.

O pesquisador da obras dos Rebouças, Alexandro Trindade, da UFPR, afirma que a importância dessa obra para a província foi indubitável. “A Estrada da Graciosa permitiu o escoamento de matérias-primas como madeira e erva-mate para o porto de Paranaguá”, salienta.

Indústria madeireira

Irmãos negros tiveram de se impor pela altíssima competência

O pesquisador Alexandro Trindade afirma que o caso dos irmãos Rebouças pode ser interpretado como uma exceção à regra: eram negros e atuando em pleno período escravocrata brasileiro. O fato também evidencia, segundo ele, a existência de formas seletivas de ascensão social. “O ‘capital cultural’ e certas ‘fidelidades políticas’ eram mobilizados por

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Os irmãos também vislumbraram o que poderia ser o futuro econômico do estado. Segundo o estudo de Narozniak (o jornalista morreu em dezembro de 2013), a iniciativa do primeiro grande investimento madeireiro no Paraná se deve aos Rebouças, que organizaram a Companhia Florestal Paranaense, instalada em 1871 nas margens da Graciosa.

Foi a primeira indústria do Paraná a utilizar a energia de máquina a vapor. Com a abertura da Estrada da Graciosa, em 1873, o cenário se tornou promissor. A serraria, além de explorar o potencial do pinheiro, criou barricas de madeira de pinha para transportar erva-mate ao mercado europeu.

Ferrovia

Enquanto isso, os irmãos trabalhavam no que viria a revolucionar a história do Paraná: uma ferrovia entre Curitiba e o Litoral. Nesse ponto, destaca-se Antonio, que elaborou o primeiro estudo para a construção da estrada de ferro. A ideia era que a linha partisse de Antonina à capital da província. Em 1871, o pedido de concessão foi deferido.

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Em 1871, os irmãos André e Antonio Rebouças fizeram a primeira canalização de água potável na capital. Antonio, ao passar perto de uma fonte onde é a atual Praça Rui Barbosa, em Curitiba, provou e aprovou a água. O problema era levar o líquido até o centro da cidade.

Os Rebouças mandaram comprar canos de cobre no Rio de Janeiro e sistematizaram a canalização até o Largo da Ponte – hoje Praça Zacarias –, por meio de 21 tubos de cobre. As torneiras do chafariz vieram da Europa.

Os pipeiros, que conduziam carroças com pipas, pegavam a água e vendiam de casa em casa. O chafariz dos Rebouças foi desativado, no começo do século 20.

A decisão acirrou os ânimos. Paranaguá não aceitava a decisão. O Visconde de Nácar e a família Correia, influentes, desejavam que o quilômetro zero estivesse em terras parnanguaras.

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A pressão surtiu efeito. As disputas entre as cidades, a província e a Corte se arrastaram por quase quatro anos, até que um decreto de 1875 determinou que o trem partiria de Paranaguá. Antonio, contudo, não estava mais presente para assistir a esse embate. Morreu um ano antes, aos 35 anos, vítima de varíola.

A Corte solicitou uma nova análise do traçado e em 1877 foi aprovado um mapa atualizado, baseado nos originais de Rebouças. Passados dois anos, em 12 de agosto de 1879 foi autorizada a transferência da concessão para a Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, de capital francês. A obra foi inaugurada em 1885, muitos anos depois da morte de Antonio.

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