Irmandade do Rosário
CARREGANDO :)

Os documentos da irmandade do Rosário estão perdidos. “Talvez estejam na Mitra”, diz Hoshino, sobre um dos capítulos mais fascinantes e menos estudados do período da Escravidão no Paraná. Anteriormente, historiadores da UFPR analisaram livros de Batismo da confraria, mas parou por ali. Grupo religioso, contudo, é fundamental para saber dos escravos libertos, letrados e que participaram de alguma forma da consolidação da revolucionária 13 de Maio.

Operariado
Publicidade

A ligação de negros forros na criação da Sociedade Beneficente Operária, criada em 1883, cinco anos antes da “13”, mostra o processo de transição da Escravidão para o mercado de trabalho. Mesmo sem “recorte étnico”, a Operária tem papel importante nesse capítulo. Havia negros entre os fundadores. Havia também outras sociedades que agregavam os negros, como a “Protetora dos Trabalhadores na Erva-Mate”.

A “13 de Maio”

Havia irmãos do Rosário na “13”, mas seu caráter era cívico desde o início. O famoso estandarte de 1888, até hoje na entrada da Sociedade Beneficente 13 de Maio, era usado não para procissões, mas para demonstrações públicas. Por outro lado, até hoje o 13 de Maio se comemora com uma missa na Igreja do Rosário, o que atesta as ligações religiosas de origem.

letrados

Os fundadores da “13” eram negros letrados e libertos e letrados –“ podiam tranquilamente acompanha os jornais, as notícias que chegavam, sabiam que a libertação estava próxima, daí se anteciparem na fundação”, explica Hoshino. Do grupo de fundadores fazia parte João Batista Gomes de Sá, dono da casa onde acontece a primeira reunião da “13”. Era oficial de Justiça, com peças escritas. O outro, Vicente Moreira de Freitas, tinha um ofício de mestre de obras. Entre os fundadores, havia amigos do Barão do Serro Azul.

Publicidade
Escola

Uma das primeiras ações da “13”, em 1888, é instituir uma escola noturna de letramento. Alfabetizar era um caminho para buscar empregos para os recém-libertos.

Desafios

Para Thiago Hoshino, a pedida é estudar a Sociedade Ultimatum, um dos poucos grupos abolicionistas que existia em Curitiba, da qual participavam negros que integraram a diretoria da “13”. A Ultimatum ajudou escravos a fugirem, entre outras ações em prol dos negros. Outro aspecto em evidência são as dinâmicas de circularidade cultural – grupos compravam a liberdade e garantiam a defesa de muitos negros em processos contra seus proprietários. “Encontrei alguns habeas corpus de próprio punho, de negros alegando não serem escravos, isso já na década de 1870. Impressiona o grau de organização. Tinham caixas de socorro, para custear a libertação”, ilustra Hoshino. “Encontrei documentos sobre um negro que foge, é preso e escreve uma carta acusando o dono dele de maus-tratos. Essa carta é publicada no jornal. É uma loucura. De onde esse escravo tem contato com um editor de jornal?” (JCF)

Paraná negro ganha toque de folhetim

Leia a matéria completa
Publicidade