Rio de Janeiro - O diplomata e escritor Geraldo Holanda Cavalcanti foi eleito ontem para ocupar a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras. Ele recebeu 20 votos dos 38 válidos 24 acadêmicos votaram presencialmente, 14 por carta e um votou em branco. Cavalcanti derrotou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau, o diretor da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, e o compositor Martinho da Vila. O primeiro teve 10 votos, o segundo, 8, e o terceiro, nenhum. "Estou muito feliz. Esse é um momento importante na vida de um escritor. Sempre procurei valorizar a língua portuguesa e agora me sentia no direito de me candidatar", disse Cavalcanti.
O primeiro a se sentar na cadeira 29 foi o teatrólogo Artur Azevedo, quando a ABL foi criada, em 1897. O último ocupante fora o bibliófilo José Mindlin, que morreu, aos 95 anos, em fevereiro. Desde então começou a especulação com relação à sucessão. Enquanto Holanda Cavalcanti fez campanha discreta e Martinho praticamente não se manifestou, Eros Grau e Muniz Sodré se empenharam bastante na tentativa de serem eleitos.
Cavalcanti nasceu em Recife e tem 81 anos. Formado em Direito, é poeta e ficcionista e foi premiado por suas traduções de autores italianos do século 20, além de obras em espanhol. Diplomata por mais de 40 anos, serviu nas Américas e na Europa, tendo sido embaixador no México, na Unesco e na União Europeia. Quatro anos atrás, recebeu o Prêmio de Tradução da ABL. O primeiro livro, O mandiocal de verdes mãos, saiu em 1964. Ele mora no Rio e recebeu a notícia de sua vitória em casa. A posse só será realizada dentro de alguns meses.