Um homem de 26 anos é acusado de ter forjado o próprio sequestro, na região de Curitiba. Depois de o rapaz ter desaparecido, familiares começaram a receber pelo WhatsApp fotos em que ele aparecia amordaçado e amarrado a uma cadeira e mensagens em que os supostos sequestradores exigiam R$ 20 mil para libertar a vítima. No entanto, o Grupo Tigre – elite antissequestro da Polícia Civil – descobriu que o próprio enviava as imagens e as ameaças para tentar extorquir a própria família.
O Grupo Tigre foi acionado na quinta-feira (26), depois que a família informou o desaparecimento à Polícia Civil. Além das fotos, os supostos sequestradores encaminharam ameaças, dizendo que, caso o dinheiro do resgate não fosse pago, uma criança da família também seria sequestrada.
Pouco depois, o rapaz foi encontrado pela própria família, que fazia buscas na rodovia BR-116, na altura do município de Quatro Barras. O homem contava que havia sido libertado pelos sequestrados, mas eles continuavam exigindo os R$ 20 mil. “A suposta vítima dizia que, caso o dinheiro não fosse entregue até a próxima terça-feira [31], ele seria sequestrado novamente e executado”, contou o delegado do Grupo Tigre, Cristiano Augusto Quintas dos Santos.
Contradições
A polícia descobriu que o caso se tratava de um falso sequestro ao ouvir o rapaz e a irmã dele, já na sexta-feira (27). Segundo o delegado, o depoimento do suposto sequestrado apresentava algumas contradições e inconsistências. Paralelamente, uma equipe do Grupo Tigre fez diligências no hotel onde o homem dizia ter sido mantido pelos sequestradores.
“Quando nós mostramos pra ele que a versão dele não se sustentava, ele acabou confessando que estava com dificuldades financeiras, que precisava de dinheiro para pagar algumas contas, então ele decidiu forjar o sequestro”, disse o delegado.
A polícia instaurou um inquérito policial e o rapaz deve responder por falsa comunicação de crime, que tem pena prevista de seis meses de detenção.
O acusado pode ser indiciado também por extorsão. “Apesar de o falso sequestro não se configurar em uma ameaça real, a família passa por uma chantagem. Então, algumas situações configuram extorsão. Vamos investigar se foi este o caso”, apontou Quintas dos Santos.
Família “boquiaberta”
O acusado provém de uma família de classe média, que reside em Colombo, região metropolitana, e que é proprietária de uma empresa de insumos agrícolas em Curitiba. No depoimento, a irmã do investigado afirmou que os familiares cogitavam fazer um empréstimo bancário para pagar o resgate.
Laudo aponta janela da policial como possível local de origem do tiro que matou copeira
Leia a matéria completa“Quando soube que o irmão forjou o próprio sequestro, a irmã ficou boquiaberta. Ficou muda, sem falar nada. Nesses casos, a gente caba orientando a conversarem com calma, de cabeça fria”, disse o delegado.
Não surpreende
À primeira vista, o caso pode parecer inusitado, mas não surpreende a polícia. No ano passado, o Grupo Tigre atendeu a cinco casos no Paraná em que, posteriormente, se constatou se tratarem se falsos sequestros, principalmente no interior do estado, em cidades como Maringá e Campo Mourão.
“Vira e mexe, aparece esse tipo de situação. O tratamento inicial que damos é de um sequestro até que, por meio da investigação, descobrimos que é um embuste. São situações que geram um desperdício de dinheiro público, porque há deslocamento de equipe, todo um gasto e perda de tempo”, observou o delegado.
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