"Minha vida acabou", diz vítima
A vida da enfermeira começou a ruir na madrugada de 24 de novembro de 2012. Estuprada por um homem e dois adolescentes e agredida a marteladas, a mulher só sobreviveu porque os agressores pensaram que ela havia morrido. Hoje, a vítima está recuperada dos ferimentos físicos, mas carregará para sempre as sequelas do que viveu. "A minha vida acabou", resumiu.
A mulher decidiu deixar a casa onde viveu a série de violências. Seus móveis e pertences estão na casa de uma irmã. Enquanto peregrina a busca de uma nova residência, ela permanece sem lar. A enfermeira também não conseguiu voltar ao trabalho e o homem que ela namorava quando sofreu a série de violência a abandonou. "Eu estou sozinha. A minha vida está destruída", lamentou a vítima.
O crime foi uma tragédia anunciada. Antes de sofrer o estupro coletivo, a enfermeira foi perseguida. O ex-marido ligava constantemente ao hospital em que ela trabalhava e espalhava boatos sobre a ex aos chefes. Pouco depois, ela percebeu que a casa em que morava havia sido invadida e a fiação elétrica tinha sido adulterada. "Estava com muito cheiro de queimado, como se quisessem provocar um incêndio", disse. Por fim, o carro dela foi vítima de um incêndio supostamente criminoso.
Enfermeira procurou Delegacia da Mulher, mas não foi atendida
Antes de ser atendida pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), a enfermeira vítima de estupro coletivo peregrinou por outras duas delegacias. Inicialmente, ela procurou a Delegacia da Mulher, unidade especializada no acolhimento a mulheres vítimas de violência. Ela afirma ter sido orientada a registrar o caso em outro Distrito Policial. De lá, foi, enfim, encaminhada à DFR.
"Eu fiquei indignada, mas foi até bom, porque aqui [na Delegacia de Furtos e Roubos] fui bem atendida e começaram a investigar", disse a mulher.
Um motorista de 39 anos foi preso acusado de ter contratado três homens e dois adolescentes para estuprar e matar a ex-mulher, que trabalhava como enfermeira em Curitiba. Segundo a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), o ex-marido da vítima articulou o crime porque estava inconformado com o fim do casamento. O estupro coletivo ocorreu em 24 novembro de 2012, na casa da vítima, no bairro Novo Mundo. A mulher sobreviveu à violência.
Assista ao depoimento da mulher vítima do estupro coletivo e de um dos acusados de cometer o crime
O ex-marido foi preso na terça-feira (22) e os demais na tarde de quarta-feira (23). Todos os envolvidos confessaram o crime, segundo a polícia. "O marido comentou com um amigo dele que queria contratar alguém para agredir a mulher e esse amigo dele indicou os três que foram até o local", contou o delegado Amarildo Antunes.
Segundo a polícia, um homem e dois adolescentes bateram à casa da enfermeira, dizendo que o irmão dela precisava de ajuda. Quando a mulher abriu a porta, o trio a rendeu, usando uma faca. O namorado da vítima na época, que estava na residência, foi amarrado e trancado no banheiro. "Até então eu acreditava ser um assalto, as pessoas estavam em busca de dinheiro e drogas, o que não tinha na residência. Começaram a bater muito, a machucar e aí começaram a violência sexual", disse a vítima.
De acordo com o delegado, a mulher foi estuprada continuamente pelo homem e pelos adolescentes. Enquanto isso, acompanhado de outros dois homens, o ex-marido dela permaneceu do lado de fora de casa, para se certificar de que o ato de violência havia sido consumado. "Uma testemunha anotou a placa e foi quando eu descobri que era o carro do meu ex-marido", contou a vítima.
Após ter sofrido a violência sexual, a mulher foi agredida com várias marteladas na cabeça e desmaiou. Os agressores deixaram a casa, pensando que ela estava morta. Para simular um assalto, os suspeitos levaram da casa uma televisão, um aparelho de DVD, um tablet, um notebook e dois celulares. "Eles disseram que o marido queria que ela fosse bastante machucada e que se ela morresse, eles ganhariam um bônus", afirmou o delegado. Cada envolvido no crime receberia R$ 300, conforme a polícia.
A vítima foi casada por 17 anos com o homem acusado de ser o mandante do crime. Ela conta que o homem passou a demonstrar um comportamento violento somente após a separação. "Uma vez eu estava acompanhada dentro de casa, ele invadiu a casa e se mostrou bastante bravo", disse a mulher. O casal tem dois filhos, o mais novo morava com o pai e o mais velho com uma namorada.
Depois da separação, a mulher foi vítima de outros atentados, que ainda estão sendo investigados. A casa dela foi roubada, o carro incendiado e mexeram na fiação elétrica da residência. "Eu cheguei em casa e senti um cheiro muito forte de fio queimado, quando afastei a estante vi que tos os fios estavam embolados, trocados, fazendo um curto", declarou.
Abalada
Os quatro homens presos inclusive o ex-marido da vítima foram apresentados na tarde desta quinta-feira pela DFR. Os dois adolescentes que participaram do crime, por sua vez, foram apreendidos. A mulher compareceu à delegacia e, bastante abalada, deu detalhes da barbárie que sofreu na noite do crime.
"Eu estava tranquila em casa. Os três [dois adolescentes e um homem] entraram e já começaram a me agredir. Eles me estupravam, enquanto um ficava com uma faca no meu pescoço. Pediam dinheiro e drogas o tempo todo", disse a vítima. Segundo a polícia, o dinheiro a que os acusados se referiam diz respeito a R$ 17 mil que a mulher havia recebido do seguro de seu veículo, que havia sido incendiado dias antes.
Durante a apresentação, o ex-marido da vítima também falou com a imprensa e alegou que contratou o grupo apenas "para dar um susto" na vítima. Ele afirma que queria que a mulher se sentisse insegura e que pedisse ao filho mais velho do casal para voltar a morar com ela. "Porque eu não concordava com a vida que ele estava tendo com a namorada dele", declarou.
VIDA E CIDADANIA | 7:19
Ex -marido foi preso sob a suspeita de ter sido o mandante. Outros três homens e dois adolescentes também participaram do crime, segundo a polícia
VIDA E CIDADANIA | 4:22
Um dos suspeitos conta ao titular da Delegacia de Furtos e Roubos detalhes sobre o crime no momento da prisão
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