Vídeo| Foto: Reprodução/ParanáTV

Imbituva – Numa atitude desesperada, o ex-plantador de fumo José Altamir de Oliveira penhorou um dos rins para pagar uma dívida de R$ 10.503,85 com a Souza Cruz. Aposentado por invalidez, ele teria que economizar o seu salário durante dois anos e meio para zerar o débito. Mas diante da impossibilidade de pagamento, a própria empresa pediu o arquivamento do processo. Oliveira, que até ontem não sabia do arquivamento da ação de execução, ficou feliz com a notícia, mas disse que pretende cobrar seus direitos na Justiça pelo fato de ter ficado doente após o uso de agrotóxicos na lavoura.

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Ele mora com a esposa e três filhos na localidade de Valinhos, na zona rural de Imbituva, região dos Campos Gerais. Em 2003, ele teve perda total da safra e deixou de colher 70 mil pés de fumo após ter sofrido uma intoxicação devido aos inseticidas empregados na lavoura.

Segundo Oliveira, quando seu estado de saúde ainda estava debilitado, ele teve que assinar um documento no qual se responsabilizava a quitar o débito em até cinco anos, já que a empresa custeou os insumos. "Nem sabia o que estava assinando porque estava muito fraco", afirmou. Ele não recebeu assistência médica da empresa.

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Oliveira, que não possui bens em seu nome, tentou reiniciar o plantio após uma breve melhora, mas durante uma saída para buscar sementes na localidade onde mora, foi atropelado em 2004 e não recebeu socorro. Ele ficou 13 dias internado. "Tive traumatismo craniano e isso me deixou com muitas seqüelas no lado esquerdo do corpo", afirmou. Um laudo médico comprovou que ele não teria mais condições de trabalhar.

A dívida com a Souza Cruz cresceu. Em 11 de abril de 2006, numa atitude drástica, Oliveira anexou ao processo de execução da dívida, no Fórum de Imbituva, um documento em que colocava seu rim à disposição da empresa. "Nunca devi nada para ninguém e nessa situação a gente se desfaz até de uma parte do corpo para ficar com a consciência tranqüila", afirma.

O Judiciário aceitou o documento e o processo tramitou normalmente até que, recentemente, a Souza Cruz pediu seu arquivamento. Em nota, a empresa justificou o fim da ação em face à "absurda oferta" do ex-fumicultor, que colocou o rim à disposição.

Sobre a denúncia de intoxicação, a Souza Cruz informou que observa padrões rigorosos de qualidade e segurança e fornece aos 44 mil produtores contratados (sendo 12 mil apenas no Paraná) equipamentos de proteção individual, além de assessoria técnica.