Dirce de Aguiar Maia ao completar 90 anos| Foto: Arquivo da família

No tempo em que a mata era desbravada para dar lugar às primeiras casas e ruas de Maringá, Dirce de Aguiar Maia foi responsável por edificar as bases da educação do futuro município, que na época, ainda era um distrito de Mandaguari. Fluminense de Macaé, mudou-se com a família para o Paraná em 1945. Professora normalista formada passou a lecionar em uma sala de aula improvisada, a primeira da comunidade.

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Dirce não só dava aulas, como limpava e gerenciava a Escola Isolada do Maringá Velho. Sempre muito elegante, se embrenhava na poeira vermelha em busca de alunos. Visitava as propriedades rurais para conversar com as famílias e convencê-las de que o lugar das crianças era na escola, não nas lavouras. Apaixonada pela educação tinha uma atenção especial com os estudantes, embora mantivesse uma rígida postura. "Ela era brava com a criançada que bagunçava, gostava das coisas bem organizadas", lembra Fausto José Abrão, que foi um de seus alunos. Dirce também dirigiu o Grupo Escolar Oswaldo Cruz, criado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. A professora se casou com o pioneiro Anibal Goulart Maia, que em 1956 se envolveu em uma discussão com o então prefeito Américo Dias Ferraz por conta da concessão do Matadouro Municipal. Um funcionário de Aníbal acabou agredindo o prefeito. Em resposta, a população saqueou e queimou a residência dos Maia. No fatídico episódio, Dirce protegeu os filhos e tentou sozinha deter o avanço da multidão.

A família de Dirce se mudou para Curitiba. Mesmo com o violento incidente, a professora sempre guardou Maringá com muito carinho na memória. Anos depois, ganhou o título de pioneira na área da educação e deu seu nome a um colégio estadual na Vila Santa Isabel. "Ela tinha muito orgulho de Maringá, porque ela viu a cidade nascer", lembra a filha Elizabeth. No aniversário de 90 anos, Dirce fez um pedido especial para a família: queria ouvir a canção de Joubert de Carvalho que ela tanto gostava e que batizou a cidade que ela ajudou a construir: "Maringá, Maringá, volta aqui pro meu sertão. Pra de novo o coração de um caboclo assossega".

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Deixa dois filhos, dez netos e sete bisnetos.

Dia 19 de dezembro, aos 91 anos, de insuficiência renal, em Curitiba.