Caravanas de todos os estados marcaram presença
A admiração pelo trabalho de Zilda Arns uniu milhares de pessoas no estádio da Arena da Baixada. Muitas delas não se intimidaram pelas centenas de quilômetros de distância e horas de viagem para participar da celebração. É o caso de Diana Francelina Dias, 40 anos, Maria Célia Vidal Lima, 59, Sofia Kusy, 60, e Maria do Carmo Silva, 62, que vieram juntas em caravana diretamente da Bahia.
"Viemos porque a Pastoral é parte das nossas vidas há muitos anos e nosso envolvimento é intenso. Além disso, é uma ocasião única, não vai haver outro momento como esse, com uma reunião tão grande", explicou Maria do Carmo. Ela é membro da Pastoral há 19 anos. Começou como líder a convite de uma adolescente moradora da mesma comunidade.
"É um trabalho de resgate social. Envolvi-me muito desde minha primeira visita, quando conheci uma menina de três anos que a mãe dizia ser paralítica, porque ela não andava, vivia sentada ou deitada. Comecei a dar a multi-mistura para ela. Em uma semana, conseguiu ficar em pé", lembra, emocionada. "Isso é Pastoral".
Casal que compartilha uma causa permanece unido. É esse o lema dos cariocas Roseli Bitton Migon, 64 anos, e André Migon, 60. Ela participa da Pastoral há 16 anos; ele, acompanhando o trabalho da esposa de perto, engajou-se há quatro. Vieram do Rio de Janeiro para homenagear Zilda e trocar experiências com líderes de outros locais. "É um intercâmbio prazeroso. E a Pastoral faz isso, mobiliza mesmo", concluiu Roseli.
Desafios do Compromisso com a Criança
A primeira parte da celebração relembrou a história de Zilda e a criação da Pastoral da Criança e apresentou um retrato da infância brasileira. Hoje, a Pastoral atende 1,2 milhões de crianças de zero a seis anos; um milhão de famílias cadastradas e 73 mil gestantes. Quem torna esse trabalho possível é uma rede de 200 mil voluntários atuantes em 36 mil comunidades brasileiras. A Pastoral também está presente em 21 países.
O trabalho da organização é fundado na luta pela redução da mortalidade infantil. Desde 1983, quando foi criada, a atuação da Pastoral também adaptou-se à realidade brasileira. Hoje, segundo a Irmã Vera Lúcia Altoé, coordenadora nacional da Pastoral, a mortalidade continua sendo um desafio, mas há também que se lutar contra a obesidade, as altas taxas de nascimentos prematuros e de partos cesáreas e pelo desenvolvimento pleno da infância, com menos desigualdade.
Mais de 32 mil pessoas vindas de todos os estados brasileiros reuniram-se na noite desse sábado (10), no estádio da Arena da Baixada em Curitiba, para homenagear a obra e a vida da médica brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. Durante a "Celebração Dra. Zilda Vida plena para todas as crianças", líderes da Pastoral de todo o Brasil e admiradores do trabalho de Zilda reafirmaram o compromisso com a proteção da infância e manifestaram o apoio ao pedido de beatificação da médica.
A celebração eucarística conduzida por Dom Raymundo Damasceno, presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), contou com a presença de mais de 20 bispos de vários municípios brasileiros e autoridades municipais e estaduais, entre elas o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, e o ex-vice-governador do Paraná, Flávio Arns, sobrinho de Zilda, representando também o governador Beto Richa.
Beatificação
De acordo com Nelson Arns, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança e filho de Zilda, o evento foi resultado de uma rede nacional de mobilização, que envolveu lideranças da organização de todo o país para a coleta de assinaturas para a moção de apoio à beatificação. O documento com mais de 130 mil assinaturas foi entregue durante a celebração eucarística à Arquidiocese de Curitiba; o próximo passo será o encaminhamento do processo completo para o Vaticano.
"O trabalho de minha mãe à frente da Pastoral foi marcado pelo altruísmo e isso permanece até hoje. As pessoas que integram a Pastoral buscam melhorar sua atuação junto às crianças e à sociedade, não pedem nada para si, mas pelos outros. O apoio à beatificação de uma pessoa que não era religiosa também chama a atenção para o fato de que todos os cristãos são chamados à santidade, e não apenas aqueles que seguem a vocação religiosa", disse.
Para o Arcebispo da Paraíba e membro do Conselho Diretor da Pastoral da Criança, Dom Aldo Di Cillo Pagoto, responsável pelo anúncio de que a Igreja do Brasil daria início ao pedido de beatificação de Zilda, o reconhecimento da médica representaria a valorização do enorme legado deixado por ela.
"Zilda dedicou-se à uma certa concepção de vida que precisa ser valorizada. Ela foi uma agregadora dos valores de defesa e promoção da vida de crianças e da pessoa idosa. E mobilizou milhares de brasileiros a buscar respostas para as falhas e os hiatos existentes na proteção da infância e da vida. O trabalho de Zilda tem um caráter sagrado, mas também político. Por isso, pedimos pelo reconhecimento dessa líder e benemérita", declarou.
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