Obras de revitalização e ampliação em 11 aeroportos têm causado efeito cascata em voos de todo o país. Como alguns aeroportos precisam ser fechados para pousos e decolagens durante as intervenções, viagens já marcadas são remanejadas pelas empresas aéreas o que pega os passageiros de surpresa. Entre as 11 obras, 7 afetam de alguma maneira as viagens.
Os aeroportos internacionais Afonso Pena, em São José dos Pinhais, e o de Foz do Iguaçu, são alguns dos campos que passam por reformas.
Apesar de a Infraero defender que as interdições são planejadas para afetar o mínimo de voos, os remanejamentos têm causado embates entre o órgão federal e as companhias aéreas, que reclamam dos atrasos na conclusão dos trabalhos e dos períodos escolhidos para o fechamento dos aeroportos. A mais recente discussão envolveu o recapeamento das taxiways área de manobra das aeronaves no Afonso Pena.
A Infraero informou as companhias que, a partir do dia 28 de setembro, a pista principal do aeroporto seria fechada por quase 24 horas, durante o fim de semana das 13 horas de sábado às 14 horas de domingo, até junho de 2014. As empresas se programaram para usar a pista auxiliar, que oferece restrições para aviões de grande porte e exige que o número de passageiros transportados por aeronave seja menor. Na semana passada, com os serviços preliminares em andamento, como a montagem do canteiro de obras e da topografia, a Infraero voltou atrás e decidiu que o recapeamento será feito de segunda-feira a sábado. E de madrugada, horário em não há voos comerciais regulares.
Caos geral
Apesar de evitar o cancelamento de voos pelos próximos meses, a mudança de última hora feita pela Infraero foi criticada pelas empresas. Como "medida preventiva", nas últimas semanas os remanejamentos de viagens já estavam sendo feitos. Bilhetes de voos deixaram de ser vendidos levando em conta o cronograma proposto.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a situação se repete em outros aeroportos brasileiros.
"Imagine dez obras em dez aeroportos diferentes, com horários diversos. Essa situação leva a uma completa reformulação da malha aérea das empresas. Temos tentado manter uma malha equilibrada e com os horários tradicionais, mas é impossível fazer isso no momento", critica o comandante Ronaldo Jenkins, diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear.
Negociação
A Infraero afirma que todas as intervenções nas pistas são discutidas com antecedência com as empresas aéreas e outras entidades do setor. E garante que, quando possível, as interdições são planejadas para horários em que não há voos caso, por exemplo, das obras em andamento no aeroporto de Campos (RJ). A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também diz participar das negociações, a fim de tentar impedir mudanças drásticas no horário dos voos.,
Passageiros devem ficar em alerta
Esta não é a primeira vez que o anúncio de obras na pista do Aeroporto Internacional Afonso Pena causa um embate entre a Infraero, companhias aéreas e empresas de turismo. Em junho de 2011, devido à substituição de luzes na pista do aeroporto, a Infraero divulgou que os pousos e decolagens seriam interrompidos por nove meses, durante as madrugadas, de segunda e quinta-feira, e por quase 24 horas nos fins de semana, das 14 horas de sábado às 12 horas de domingo. A janela de obras afetaria 118 voos por semana.
Empresas de turismo e viagens reclamaram que não tinham sido ouvidas, ao passo que, a um mês do início da interdição, companhias aéreas ainda tentavam negociar a permanência dos voos com a Infraero. A queda de braço, também neste caso, favoreceu as companhias: o cronograma de obras e os horários de fechamento da pista foram revistos, prevendo janelas menores, principalmente no fim de semana.
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Paraná (Abav-PR), Roberto Bacovis, prevê que, além dos eventuais remanejamentos de voos, obras em terminais de passageiros, como no Afonso Pena e em Foz do Iguaçu, exigirão atenção redobrada dos passageiros durante as viagens de fim de ano assim como das agências. "Essas obras sempre ocasionarão problemas. O que aconselhamos é que os passageiros se informem antes com as agências sobre eventuais mudanças e cheguem sempre com antecedência nos aeroportos", diz Bacovis.