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Homicídios disparam em Curitiba e crescem 15% em relação a 2013

Para especialistas, as estratégias adotadas hoje pelas polícias não mudarão o quadro de homicídios dolosos | Aliocha Maurício/ Tribuna do Paraná
Para especialistas, as estratégias adotadas hoje pelas polícias não mudarão o quadro de homicídios dolosos (Foto: Aliocha Maurício/ Tribuna do Paraná)

O número de assassinatos em Curitiba aumentou 15% em 2014. O dado, revelado com três meses de atraso pelo governo estadual e depois do período eleitoral, revela um retrocesso na luta contra a violência na capital paranaense. Entre janeiro e setembro deste ano foram registrados 440 homicídios dolosos na cidade, 58 casos a mais do que no mesmo período de 2013. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), que alega que estava proibida de divulgar as estatísticas da pasta durante o período eleitoral, ainda não publicou oficialmente os dados completos sobre Curitiba, nem sobre o restante do estado. Com base nos números, Curitiba tem uma média de 28,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes, quase o triplo do índice considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dos nove meses analisados, seis registraram mais homicídios do que a meta mensal prevista pelo governo do estado. De acordo com informações da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape), responsável pelos dados, o objetivo inicial era tentar controlar a taxa e manter uma média de 46 homicídios por mês em Curitiba em 2014. Apenas os meses de junho, agosto e setembro, contudo, tiveram uma quantidade de assassinatos dentro do esperado pelas polícias.

Para o sociólogo da Pon­tifícia Universidade Ca­tólica do Paraná (PUCPR) Cézar Bueno, o modelo de segurança pública brasileiro e as políticas estaduais para a área estão equivocados. Segundo ele, o programa Unidade Paraná Seguro (UPS) já não tem mais impacto. "São tentativas. A polícia faz operações, iniciou as UPSs, mas não altera a política pública de fato", explicou Bueno. Na avaliação dele, é mais do mesmo. "Não há política pública [existente] hoje capaz de reverter esses índices inadmissíveis", destacou.

Ele argumenta que há ausência de questões básicas, como iluminação pública. "Falta planejamento de ocupação de espaço público. Outra questão são as drogas. A própria Organização das Nações Unidas já pede para que as políticas públicas referentes a esse tema tenham uma outra perspectiva, menos polícia, com mais saúde pública", criticou. Bueno acredita que a polícia esqueceu o trabalho de desarmamento. "Ao lado das drogas, há o problema estrutural do acesso às armas".

Outro lado

A Cape explicou que houve um ponto de alta nos homicídios no primeiro semestre deste ano, mas que faz parte da sazonalidade dos crimes, e que houve um realinhamento das ações policiais devido a essas estatísticas negativas para controlar o crime contra a vida. Na avaliação da Coordenadoria, há um dado positivo nas estatísticas que mostram o resultado do esforço das políticas públicas atuais: a queda de assassinatos ligados a outros crimes, como os que têm envolvimento com o tráfico de drogas. Esses homicídios têm diminuído, segundo a Coordenadoria. A delegada Maritza Haisi, titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que ainda não analisou os dados, mas que se pronunciará em breve.

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