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A despeito das declarações oficiais em contrário, a cúpula do governo tem claro que sua relação com as Forças Armadas, em particular com a Aeronáutica, ficou para lá de trincada no episódio do acordo fechado para suspender a greve dos controladores de vôo. Por isso, além de colocar em circulação no noticiário a curiosa teoria segundo a qual não teria havido quebra de hierarquia, dado que esta "já tinha sido quebrada antes", o Planalto já se pôs em campo para amansar os militares insatisfeitos. A declaração elogiosa de Lula ao comandante da FAB, Juniti Saito, foi só o começo. Diferentes emissários estão cuidando de levar mensagens contemporizadoras aos brigadeiros.

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Em missão – Atuando de maneira discreta desde que voltou à Câmara pós-mensalão, José Genoíno foi um dos escalados para a operação "deixa disso". O deputado petista tem bom trânsito nas Forças Armadas. De propósito – Militares que antes julgavam Waldir Pires apenas um "fraco", deixado no cargo tão somente pela dificuldade de Lula em demiti-lo, agora consideram a possibilidade de o ministro da Defesa ter sido peça de um jogo deliberado do governo para enfraquecer a Aeronáutica e apressar a desmilitarização do controle do tráfego aéreo. Mordomo – O Planalto culpa Arlindo Chinaglia (PT-SP) pela decisão do ministro Celso de Mello que permitiu ressuscitar a CPI do Apagão Aéreo. Agora, admitindo que o plenário do Supremo tende a dar sinal verde à comissão, quer que o presidente da Câmara pilote as negociações para restringir os trabalhos. Querosene – A base governista enxerga mais um complicador para a CPI: as disputas empresariais seguintes à compra da Varig pela Gol, que abririam um novo flanco de interesses contrariados para municiar a comissão. Moita – Antes de explodir o novo apagão aéreo, o setor de comunicação social da Infraero programava um seminário a ser realizado em Salvador a partir de 18 de abril. Na sexta, havia gente aconselhando o cancelamento da iniciativa.

Promessa – Não foi só a fé que levou o petista Marcelo Deda ao encontro de Lula em Nova Jerusalém. O governador de Sergipe tem feito o que pode na tentativa de emplacar o conterrâneo José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, na BR Distribuidora. Indigestão – Marta Suplicy deixou aliados de cabelo em pé, em jantar na semana passada, ao rasgar elogios à equipe deixada por Mares Guia no Turismo. Concluiu dizendo que vai trocar pouca gente. No balcão – Programa da Anvisa em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas, a ser lançado amanhã, cobrará das farmácias um relatório eletrônico semanal com dados sobre a venda de produtos controlados, como psicotrópicos e anabolizantes. Pista livre 1 – O governador Ivo Cassol (PR-RO) disse aos membros do Conselho de Defesa da Pessoa Humana, em reunião no Ministério da Justiça, que o contrabando de diamantes segue rolando solto na reserva Roosevelt, onde em 2004 índios cinta-larga mataram 29 garimpeiros. Pista livre 2 – "Nunca consegui entrar na reserva", admitiu o governador. Segundo o relato de Cassol, aviões que fazem o contrabando pousam na Roosevelt sem ser captados pelos radares. "Não fica um diamante lá", arrematou. Metropolitano – Varrido do Nordeste, o Democratas, ex-PFL, resolveu bater bumbo sobre o fato de governar as cidades de São Paulo e Rio, além do Distrito Federal. Em setembro, fará um seminário sobre questões urbanas na capital paulista, com Gilberto Kassab como estrela.

TIROTEIO

* Do deputado federal JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) sobre trecho da nota oficial da Aeronáutica em que se informa que os controladores de vôo ‘passarão à subordinação’ de um novo órgão civil a ser criado dentro da estrutura do Ministério da Defesa:

– Os últimos acontecimentos deixaram claro que o subordinado é o governo. Quem manda são os controladores de vôo.

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