“No dia que sair a regularização, eu assumo – vou chorar”, alardeia o líder comunitário Sebastião Maria Oliveira, 59 anos, micorempresário. Não deve ser só ele. A vila em que 1.738 famílias serão beneficiadas é a mais antiga na atual leva de regularizações. Começou a se desenhar nos idos de 1988, firmou-se nos anos 1990 e é, com folga, um desafio para os estudiosos de habitação popular. O Xapinhal, em resumo, não é para amadores.
Toda sorte de dificuldades ocorreu ali. É preciso ter destreza para entender o sem números de repartição de áreas – subdivididas em públicas e particulares – e as beneficiadas ou não pelo dinheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID. Tudo no Xapinhal se deu pela lei da dificuldade. A começar pelo nome. Não se trata de uma homenagem a árvore ou planta, como juram muitos, mas da fusão de sílabas dos bairros Xaxim, Pinheirinho e Alto Boqueirão. “Chegamos a ter quatro associações de moradores. Acredita?”, lembra Sebastião.
Todas representavam a ocupação. Quase todas em guerra. A piada de que seria possível encontrar dois palanques políticos montados em pontos extremos da vila não é de todo absurda. Nem engraçada. Sebastião lembra bem dos tempos das divisões, brigas de meter medo, o que só fez atrasar o expediente.
Quanto ao resto, o Xapinhal – beneficiado pela excelente localização, entre o Pinheirinho e o Sítio Cercado – só prosperou. Na aparência, é Sítio Cercado total. “É com quem a gente se identifica”, diz o líder, na frente de seu misto de casa e comércio plantado na próspera Rua Marte. O modelo de moradia com emprego em baixo é seguido por outros moradores. Nem a prefeitura sabe quantos bares, farmácias e que mais têm o Xapinhal. Essa será uma dor de cabeça para mais tarde, informa o pessoal da Cohab. Um problema para a Secretaria Municipal de Urbanismo. Os terrenos estão a dias de serem regularizados. Está marcado para maio. Quanto aos alvarás, que se espere outra batalha. A turma dali avisa que é boa em negociação. Ninguém tem dúvida disso.
Fez, afinal, uma minicidade no local que por pelo menos uma década era associado a uma das maiores favelas de Curitiba. Quem chamar de milagre não exagera. Ainda existem zonas degradas aqui e ali, mas é preciso procurar com atenção. Mas há programas mais divertidos no Xapinhal. Ir ao Bailão do Mancha, por exemplo. Catalogar o nome de bar mais divertido – Bar do Vampeta? Pode-se contabilizar o número de academias de ginásticas, nascidas onde um dia havia sub habitação. Ou circular pelos quarteirões cortados por ruas internas, bem estreitas, como se alguém tenha decidido homenagear as vilas medievais.
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