O diretor-geral da Aliança Saúde, sistema que administra a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Álvaro Luís Lopes Quintas, acredita que este é o momento de se promover uma discussão na sociedade sobre os reflexos da política do Sistema Único de Saúde.

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"O próprio Ministério da Saúde encomendou um estudo, em 2002, que apontava uma defasagem de 90% na relação entre custos hospitalares e tabela do SUS. Esta realidade não mudou", diz o médico.

Quintas explica que os recursos para manter o atendimento na Santa Casa vêm de outras fontes, principalmente da entidade mantenedora do hospital, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e do plano de saúde próprio. Além disso, o governo do estado faz um repasse mensal de R$ 100 mil para insumos. "Por enquanto, estamos garantindo o atendimento pelo SUS, mas precisamos de recursos para investimentos."

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A situação não é diferente no Hospital Evangélico, que disponibiliza 80% dos seus 508 leitos ao SUS. Para manter o equilíbrio financeiro mínimo, a saída tem sido apelar para a boa vontade dos fornecedores e contar com a extensão dos prazos de pagamento. "Não podemos restringir o atendimento. Temos feito também empréstimos bancários e nosso passivo está aumentando. Estamos trocando o pneu com o carro andando", diz Constantino Miguel Neto, diretor-geral do hospital.

Para o Hospital Erasto Gaertner, centro de referência no tratamento do câncer, a facilidade no controle de metas é maior. Mesmo assim, os problemas com os valores repassados pelo SUS atingem a instituição. Em média, 90% dos leitos são para pacientes do SUS e os casos de câncer aumentam, em média, 4% ao ano. "O valor não cobre os procedimentos e, como trabalhamos com alta complexidade, precisamos investir em tecnologia, recorrer a financiamentos e empréstimos e atrasar fornecedores", explica Flávio Daniel Tomasich, superintendente do hospital. (LC)