Depois de constatar o grande número de cesáreas realizadas no país, o Ministério da Saúde lançou uma campanha para aumentar a incidêndia de partos normais. Entre as medidas que devem ser tomadas, está a implantação de novas salas e quartos para acolher mães e acompanhantes. Em algumas unidades de saúde, tanto da rede privada quanto da pública, esses espaços já estão em funcionamento.

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Em hospitais particulares, as "suítes de parto normal" são adaptadas para que a gestante não precise ir à sala de cirurgia. Unidades públicas chegam a oferecer bolas e cavalinhos que podem ajudar a futura mamãe no momento de dar à luz seu filho.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que as cirurgias de cesáreas correspondam a, no máximo, 15% dos partos. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, referente ao ano de 2006, entretanto, aponta que a cesárea representava 43% dos partos realizados no Brasil, no setor público e no privado. Entre as mulheres que utilizam planos de saúde, esse percentual chega a 80%.

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Respeito

Independente do método escolhido para o parto, os médicos afirmam que o ideal é ouvir a gestante e acompanhar seus desejos. ‘’É fundamental que todo respeito seja dado à mãe e ao bebê, respeitando o máximo possível a natureza e a saúde de ambos", afirma Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, médica assistente da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A especialista ressalta que partos dentro da água e de cócoras, por exemplo, ou em outras posições que são mais confortáveis para as mães, podem ser feitos em alguns hospitais. ‘’É preciso que o hospital ofereça uma estrutura e que o médico tenha paciência para que a mãe procure a melhor posição para o parto, porque cada uma tem uma preferência’’, afirma.

A contadora de histórias Kiara Terra, de 30 anos, tem duas filhas. A mais velha, segundo Kiara, nasceu de uma cesárea induzida. A contadora de histórias não aprovou a experiência, apesar de ter tido uma recuperação tranqüila.

Assim que descobriu a gravidez de sua segunda filha, Kiara decidiu que faria o parto normal. ‘’Fiz o parto no hospital, mas sem anestesia, e escolhi uma unidade que permitia um parto natural, sem pressa, com a presença de uma doula. Depois do parto, minha filha veio direto para o meu colo mamar, sem intervenções de enfermeiras. Foi o pai quem cortou o cordão umbilical e deu o primeiro banho’’, diz. A doula é uma acompanhante de parto especializada em ajudar a mãe prática e psicologicamente. A mãe aprovou a experiência.

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Alternativas

Em hospitais particulares, as suítes de parto normal são equipadas para se transformarem em sala de parto no momento do nascimento do bebê. Armários escondem aparelhos e camas se transformam em mesas ginecológicas.

Um dos objetivos desse tipo de atendimento é a humanização. Maria Augusta de Freitas, superintendente das maternidades Santa Joana e Pro Matre Paulista, ambas em São Paulo, afirma que "humanização é o atendimento à gestante, respeitando suas necessidades e as de seu bebê", diz.

O contato dos pais e da criança é valorizado. ‘’O acesso dos pais aos berçários e UTI neonatal é livre 24 horas por dia e o contato direto com o bebê é incentivado, exceto em situações de emergência ou execução de procedimentos’’, afirma o ginecologista Eduardo Cordioli, coordenador médico da Maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Na rede de hospitais e maternidades São Luiz, também em São Paulo, há quatro salas para incentivar os partos naturais. O hospital informa que oferece à gestante "estímulo para que ocorra o parto normal utilizando as técnicas de hidromassagem, cromoterapia, aromaterapia e musicoterapia’’. Apesar do incentivo, apenas na unidade Itaim, são realizados cerca de 9 mil partos por ano. Desse total, 26% são partos normais e 74% são cesáreas.

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Rede pública

Dois hospitais da rede pública de São Paulo também oferecem estrutura especial para partos naturais. O Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, na Zona Leste da capital, tem espaços para que os acompanhantes da gestante se acomodem. O Hospital Vila Alpina, também na Zona Leste, conta com equipamentos como bolas, cavalinhos e uma cama normal que se adapta no momento do parto. Seis suítes contam também com banheiras para hidroterapia.

A Secretaria Estadual de Saúde diz que, depois do parto, os médicos incentivam a proximidade entre a mãe e o bebê, deixando a criança no quarto, sempre que possível.

Outros estados como Goiás e Mato Grosso do Sul também apresentam iniciativas semelhantes em hospitais da rede pública. Há outras unidades de saúde do país que realizam palestras e divulgam folhetos explicativos sobre os benefícios do parto normal para mães e bebês.

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