HC tem 90 dias para demitir terceirizados e fazer concurso| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Em meio à crise vivida hoje pelo Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com leitos fechados, falta de funcionários e uma decisão da Justiça do Trabalho que determina a exoneração de 916 trabalhadores vinculados à Fundação da UFPR (Funpar), a instituição mantém sua decisão de não aderir à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Junto com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a UFPR é uma das únicas universidades federais a fazer essa escolha.

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A estatal foi criada em 2011 para administrar os hospitais universitários federais (Hufs), e embora tenha dividido opiniões entre gestores e servidores, a avaliação geral parece ser positiva. Superintendentes de hospitais universitários que aderiram à empresa se dizem satisfeitos com a decisão.

O Hospital Universitário de Brasília (HUB), vinculado à UnB, foi uma das primeiras instituições a adotar o modelo de gestão da estatal, e completa um ano e dois meses de contrato assinado. As principais melhorias, segundo o superintendente Hervaldo Sampaio Carvalho, estão na estrutura física e no aumento de pessoal. "Compramos muitos equipamentos novos, abrimos uma nova unidade de UTI, uma nova UTI neonatal e inauguramos uma nova ala de emergência. Fizemos um concurso público para 1.170 vagas, e com isso estamos conseguindo substituir os contratos de trabalho precarizados", diz, referindo-se às contratações de terceirizados que foram consideradas irregulares pelo TCU.

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Entretanto, a determinação é que os aprovados sejam introduzidos aos poucos no quadro do hospital, em grupos de 250, o que gera um desconforto, segundo Carvalho. "Hoje, 50% dos funcionários do hospital estão contratados dessa forma irregular. Eles sabem que serão demitidos nos próximos meses. Mas isso já era um problema há muito tempo, e a única solução que apareceu para resolvê-lo foi o concurso da Ebserh", reitera. "Há 30 anos, o hospital não recebia investimentos. Não tínhamos um planejamento orçamentário adequado", completa.

Experiências

Outros dois estados relatam seus primeiros anos com a estatal

Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), o hospital universitário estava fechado por falta de investimentos e foi reaberto pela Ebserh. "Apesar de novo, nosso hospital começou a ser construído em 1989 e tivemos de fazer uma reforma grande nele. Tivemos muita dificuldade para fazê-lo funcionar até o repasse ser liberado, mas agora tudo está melhorando e a gestão da Ebserh tem sido proveitosa", diz o diretor científico do HU da UFPI, Mauricio Paes Landim.

Já na Federal do Espírito Santo (Ufes), o superintendente do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (Hucam), Luiz Alberto Sobral Vieira Junior, diz que a Ebserh veio para resolver principalmente o problema de mão de obra. "Fizemos capacitações dos nossos gestores em uma parceria com o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e realizamos concurso público para 250 vagas. Os aprovados serão chamados agora em maio".

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Do outro lado da questão, o Sindicato dos Servidores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes) deflagrou uma greve pedindo, entre outras coisas, a revogação do contrato com a Ebserh. A empresa estaria priorizando a contratação de cargos técnicos em detrimento de cargos básicos da estrutura. "No concurso que prestaram, não havia vagas para limpeza, segurança, nada disso", diz o diretor do Sintufes, José Magesk. Ele também acredita que a Ebserh seja uma medida para abrir cada vez mais espaço para o setor privado e as terceirizações.