Os três hospitais universitários (HUs) estaduais do Paraná, com capacidade total para 645 leitos, têm operado de maneira precária pela falta de pessoal e investimentos em infraestrutura. Entre os problemas encontrados nos HUs de Londrina, Maringá e Cascavel estão a escassez de leitos de UTI, salas de cirurgias fechadas, leitos desativados, superlotação de prontos-socorros (PS), déficit orçamentário e de recursos humanos. Situação semelhante é enfrentada pelo Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde 150 dos 550 leitos (27%) estão desativados por falta de funcionários que viabilizem o atendimento de pacientes.
Levantamento feito pela Gazeta do Povo mostra que as piores situações são encontradas em Londrina e Maringá, no Norte do estado, onde as dificuldades com superlotação e falta de pessoal se arrastam há anos.
Com escassez de leitos e equipamentos, o Hospital Universitário de Maringá (HUM) chegou a cogitar o fechamento provisório, há um ano, após o término do contrato temporário de 141 servidores. Os problemas frequentes culminaram, em agosto do ano passado, no pedido de exoneração feito pelo então superintendente, José Carlos Amador. Segundo ele, o hospital passava por um momento delicado e necessitava de ampliação urgente. No ano passado, o HUM anunciou que o prédio passará dos atuais 9,7 mil metros quadrados para 27,8 mil metros quadrados, o que deve elevar a capacidade de 123 para 300 leitos. A conclusão da obra, porém, está prevista apenas para 2020.
Pronta, mas sem uso
Em Londrina, onde o HU enfrenta déficit diário de pelo menos 13 leitos de UTI, uma ala com dez leitos de terapia intensiva está pronta e fechada desde maio de 2012, em decorrência de problemas na contratação de 70 funcionários. Segundo a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), a documentação foi encaminhada à Casa Civil na semana passada, e a elaboração de um decreto é aguardada. "Até o início de março, os funcionários, já concursados, serão nomeados", afirma o assessor técnico do gabinete da Seti, Aroldo Messias.
Apesar da declaração, a superintendente do HU, Margarida Carvalho, disse desconhecer que um concurso tenha sido realizado. "Esperamos o setor de Recursos Humanos do governo do estado para a contratação, por meio de concurso, ou seleção simplificada, por tempo delimitado."
De acordo com a Seti, Londrina é a única cidade cujo HU tem pendências. Segundo Aroldo Messias, a situação de Cascavel é "tranquila". "Maringá está ampliando o hospital, mas ainda não existe previsão de contratação. Já existe uma solicitação de pessoal, que será autorizada assim que a obra for concluída", disse Messias.
280 postos de trabalho abertos em Londrina
Complicada há anos, a situação do HU de Maringá deve melhorar com as obras de ampliação, que dobrarão a capacidade de atendimento. De acordo com a superintendente do hospital, Magda Lúcia de Oliveira, seis edificações que integram a obra começaram a ser construídas em 2012. "Neste espaço serão implantados 30 leitos semi-intensivos, de enfermaria e clínica cirúrgica. Além do bloco administrativo, que está instalado em uma área provisória há 20 anos", explica. No entanto, o andamento e a previsão de conclusão desta etapa da obra não foram divulgados. Segundo Magda, as obras estão sendo realizadas com recursos do governo estadual e convênios com os ministérios da Saúde e Educação.
A superlotação também é um problema diário no HU de Londrina. Na quinta-feira da semana passada, por exemplo, o PS obstétrico estava fechado por causa da superlotação da maternidade. "Na nossa UTI neonatal cabem 17 bebês e estamos com 25", explicou Margarida Carvalho. A superintendente admitiu que o HU enfrenta problemas orçamentários. "No ano passado, o dinheiro acabou em outubro, mas o governo repôs R$ 1,4 milhão para pagar fornecedores. Essas questões temos resolvido com o próprio governo", minimizou.
Já a dificuldade de recursos humanos, segundo Margarida, é grande. Atualmente, o hospital tem 280 postos abertos por funcionários aposentados, falecidos ou exonerados. Outro problema é o encerramento de contratos temporários, que têm duração de dois anos. "Sempre tem esse estresse chegando ao fim do segundo ano, mas o governo tem encaminhado os processos em tempo hábil."
Colaboraram Tatiane Salvatico, da Gazeta Maringá, Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa e Luiz Carlos da Cruz, de Cascavel