O Ministério Público de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, solicitou nesta terça-feira ao Hospital Cidade um prazo de 30 dias antes de fechar sua UTI, mas a Terceira Regional de Saúde não autorizou, alegando não haver necessidade. Desde segunda-feira, o hospital não recebe mais nenhum pacientes e todos os internados estão sendo transferidos para outros hospitais da região. A direção decidiu fechar a unidade temporariamente até que se recupere dos prejuízos deixados pelos leitos e possa fazer a adequação da UTI para credenciá-la ao SUS.
Desde quando foi inaugurado, em fevereiro de 2004, a unidade vinha sendo mantida com recursos estaduais. Para a chefe da terceira regional, Lenir Monarstirky, não haveria a necessidade do prazo pedido pelo MP. Enquanto o promotor Fuad Faraj defende o prazo para que o estado tenha tempo para relocar os pacientes para outras unidades, Lenir afirma que a regional está os encaminhando, sem problemas. Desde ontem, apenas um paciente aguardava deslocamento para outra unidade.
Segundo o diretor administrativo do hospital, Reinaldo Ribeiro Neiva, a intenção é fechar a unidade de um a dois anos. Num primeiro momento, a prioridade é recuperar o fôlego financeiro, já que o hospital fecha o balanço financeiro mensal da unidade com um déficit de R$ 50 mil. O hospital recebia R$ 40 mil mensais do estado, mas a conta final era de R$ 90,6 mil, segundo a administração.
O fechamento dos dez leitos especiais coloca o MP em alerta. O temor do promotor Fuad Faraj é de que a crise de 2003, quando 53 pessoas morreram enquanto aguardavam por uma vaga de UTI, se repita neste ano. Segundo ele, somente nos últimos dez meses, 31 pessoas faleceram ao aguardar por uma vaga. Dessas, 22 foram em Ponta Grossa entre janeiro e agosto. O fim temporário dos leitos do Cidade representa uma queda de 20% da oferta na cidade, que até então contava com 46 vagas.
Esse não é a primeira vez que o Hospital Cidade anuncia o fim dos leitos. Em maio, a direção também chegou a fechar o setor por dois dias, por problemas financeiros. A UTI foi inaugurada em setembro de 2003, mas só começou a funcionar em fevereiro do ano passado. Um mês depois, a direção ameaçou fechar oito leitos depois que o contrato de locação dos equipamentos, mantido com o governo, venceu. O impasse foi resolvido quando o estado comprou os equipamentos e entregou ao hospital.
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