Paranaguá - A direção do Hospital Regional do Litoral (HR) encaminhou ontem um ofício à Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) e ao Ministério Público denunciando abandono de médicos do serviço, dificuldades na contratação de obstetras e suspeita de manipulações nas escalas de trabalho. A falta de especialistas na unidade faz com que cerca de 20 mulheres grávidas por semana sejam transferidas para receber atendimento em hospitais de Curitiba, Morretes e Matinhos.

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A diretora técnica do HR, Fátima Lima, afirma que quando assumiu a função, em 24 de abril, o setor de obstetrícia estava com problemas. "Estranhei que no litoral, onde a maior demanda costuma ser de fraturas, outra especialidade venha pedir tratamento diferenciado e maiores salários", conta. Na ocasião, os cinco obstetras que atuavam por aprovação em um teste seletivo solicitavam receber seus pagamentos por produção, o que foi negado pela direção. "Seria injusto com os outros cerca de 100 médicos", diz.

Um dia antes de a diretora assumir, cinco obstetras haviam pedido demissão do hospital, restando apenas dois plantonistas. "Não cumpriram o aviso prévio, nem deram explicações. O médico Nélio Costa, por exemplo, havia marcado quatro cesáreas e quatro laqueaduras para o dia 25 de abril. Não compareceu, o que configura omissão de socorro, e vai contra os artigos 7, 35, 36 e 37 do Código de Ética Médica."

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Desde então, a diretora conta que tem dificuldades em conseguir obstetras para trabalhar no HR. "Temos a permissão para contratar e estamos procurando. Mas ninguém aceita prestar serviço aqui no hospital. Alguns médicos marcavam e não compareciam", conta.

Outro lado

O obstetra Nélio da Costa afirma que a liberação dos profissionais ocorreu por parte do hospital. "O próprio setor de recursos humanos nos procurou e disse que aqueles que quisessem poderiam assinar um documento com o pedido de dispensa sem cumprir o aviso prévio. Dias depois, em conversa com o Conselho Regional de Medicina, fomos instruídos a voltar e cumprir com o tempo que nos restava da escala de trabalho", diz.

Segundo o médico, o descontentamento dos obstetras ocorreu devido à redução dos valores pagos pelo HR. "O correto seria um concurso público. No entanto, trabalhávamos por RPA (recibo de pagamento ao autônomo) e participamos de um teste seletivo para manter as atividades. Com isso, diminuíram o valor pago, inclusive nos plantões. O que solicitamos foi continuar recebendo pelos plantões o mesmo que recebíamos", completa o médico, afirmando que também irá procurar o Ministério Público para dar sua versão dos fatos.

De acordo com o secretário de saúde do Paraná, Gilberto Martin, uma equipe técnica da Sesa irá avaliar as denúncias. A promotoria do Ministério Público no litoral afirma que vai verificar as denúncias.

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