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João Jaime Nunes, presidente da Sociedade Evangélica Beneficente, mantenedora do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba | Antônio Costa/Gazeta do Povo
João Jaime Nunes, presidente da Sociedade Evangélica Beneficente, mantenedora do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Maior hospital privado e fi­lan­trópico do Paraná, o Hospital Universitário Evan­gélico de Curitiba comemorou 53 anos no último dia 5. Festa de aniversário, porém, não houve, dada a crise financeira pela qual passa a instituição, referência em diversas áreas, como transplantes e atendimentos a traumas, queimados e gravidez de risco.

Atualmente, são R$ 260 milhões em dívidas, além do envolvimento em um escândalo deflagrado em 2011 a partir da Operação Voucher, da Polícia Federal, que detectou irregularidades em um convênio firmado pela mantenedora do hospital, a Sociedade Evangélica Beneficente.

Nos últimos meses, o Evan­gélico também enfrenta paralisações de médicos que prestam serviço à instituição, em resposta a atrasos no pagamento de salários. Isso fez com que o pronto-socorro, o maior de Curitiba, ficasse parado por mais de 48 horas em julho. Por fim, no momento corre uma sindicância para apurar a morte de um paciente que sofria de uma rara doença degenerativa e estava internado havia quatro anos. A suspeita é de que houve erro de procedimento.

O presidente da SEB no triênio 2011/2014, João Jaime Nunes Ferreira, disse que a gestão está realizando esforços para que o hospital não entre em colapso.

Débitos

Atualmente, entre dívidas com fornecedores, salários não recebidos por prestadores de serviço, empréstimos contraídos com bancos e juros, o hospital deve ao todo R$ 260 milhões, de acordo com o último balancete, feito em maio. A dívida com os bancos corresponde a R$ 130 milhões, além de R$ 3,2 milhões em juros, que o hospital tenta renegociar.

A instituição já iniciou conversas com alguns bancos, como Santander e Caixa Econômica, pedindo refinanciamento da dívida, com uma taxa de juros atual (que é menor) para os contratos antigos, além de prazos maiores.

Greve

Por causa de R$ 8,3 milhões não pagos aos médicos prestadores dos serviços (os profissionais não são contratados), há risco de uma nova paralisação de cirurgias eletivas (sem características de urgência ou emergência) e consultas nesta quarta-feira. O gestor garante que já houve uma negociação e promete pagar R$ 2,7 milhões do total devido até novembro, em três parcelas de R$ 900 mil. Médicos ouvidos pelo jornal, porém, se dizem descontentes e consideram a medida insuficiente.

Escândalo

Em agosto de 2011, a O­pe­­ração Voucher da Polícia Federal descobriu uma série de irregularidades em 181 de 1.403 convênios firmados entre o Ministério do Turismo e ONGs e associações de utilidade pública. Em 2011, a SEB recebeu R$ 3,1 milhões do ministério para treinar mão de obra para a Copa, embora essa não seja a área de atuação da entidade.

O dinheiro veio de emendas parlamentares ao orçamento do ministério, apresentadas pelo deputado federal André Zacharow, que foi presidente da SEB por mais de 20 anos.

Uma auditoria feita pela Controladoria-Geral da União e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) também apontou indícios de superfaturamento, sobrepreço, direcionamento de licitação e falhas no acompanhamento da execução do projeto.

Atualmente, o TCU analisa a defesa apresentada pela SEB, mas se for comprovada a irregularidade o hospital terá de devolver o dinheiro recebido.

Morte de paciente

Em relação à morte do paciente João Carlos Siqueira Rodrigues, em 28 de agosto, o presidente da SEB afirmou que o hospital instalou uma sindicância (no último dia 31) para averiguar se procedem as informações de que ele teria falecido por causa de "erros de procedimento no atendimento". A sindicância tem um prazo de 30 dias para ser concluída.

A suspeita, levantada pela família e por alguns profissionais do hospital (que não quiseram se identificar), é de que o aparelho que mantinha João respirando tenha sido desligado por engano por uma funcionária que dizia não ter condições de manusear o equipamento – e que estava atendendo o paciente por falta de profissional habilitado naquele momento. Ferreira nega. "Há, eventualmente, a falta de um ou outro profissional, como em qualquer hospital, mas isso nunca prejudicou a qualidade do atendimento."

Campanha

Ainda neste mês, o hospital deve lançar uma campanha de arrecadação por meio das contas de energia elétrica da Copel. De acordo com Ferreira, a participação da população é imprescindível para que o Evangélico continue de pé. Ele também pede mais ajuda dos governos municipal e estadual. "Claro que, para pedir ajuda, é preciso colocar a casa em ordem, mostrar que estamos fazendo um bom trabalho de gestão", diz.

Esforços

De R$ 9,8 milhões devidos aos médicos, R$ 1,5 milhão já foi pago (restam R$ 8,3 milhões), e desde março os honorários estão sendo pagos em dia. O gestor afirma que também fez um corte de despesas com folha de pagamento equivalente a R$ 14,4 milhões anuais, envolvendo o fim de vantagens pessoais e cortes no salários de cargos administrativos. Além disso, foram realizadas outras ações visando à economia, como a devolução de veículos usados para fins pessoais e o fim do programa da TV Evangélico exibido aos sábados.

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