O Hospital de Urgência de Sergipe, em Aracaju, é o maior da rede pública do estado. Com uma câmera escondida, a reportagem gravou imagens de abandono e muito sofrimento nos corredores improvisados como enfermarias.
Pacientes de todos os tipos - terminais, acidentados, clínicos - ficam misturados nos corredores.
Uma obra fez com que o pronto-socorro fosse transferido para a área que originalmente era da pediatria. A unidade começou a funcionar sem que as instalações e o sistema de atendimento estivessem adequados.
As macas usadas como camas são apertadas e duras, como conta um funcionário do hospital, que não quer ser identificado.
"Os pacientes ficam nos corredores em cima das macas 15 dias, 20 dias. A situação é muito precária. Os pacientes vivem em macas de 50cm por 1,30m, entendeu? Com colchões finíssimos", conta o funcionário.
Os acompanhantes também sofrem, porque não têm lugar para passar a noite. E pacientes reclamam que não há medicamentos.
Escolha
A presidente da Associação de Médicos do Hospital de Urgência, Luciana Góes, diz que também faltam profissionais. Por isto, muitas vezes os cirurgiões têm que fazer uma escolha impossível: decidir quem vive e quem morre.
"Há plantões em que deveria ter cinco médicos e só tem dois médicos. Assim, casos em que tem dois médicos plantonistas e tem três ou quatro pacientes graves, a gente tem que escolher qual é o mais grave, qual o que vai ser operado primeiro. Quando, na verdade, os três ou os quatro deveriam ser operados prontamente", diz Luciana.
O secretário de saúde de Sergipe Rogério Carvalho contesta a afirmação. "Definir quem vai operar é normal em qualquer hospital do mundo e você define pela gravidade. Cirurgia de emergência, se tiver um acidente, você vai ter que remanejar os pacientes", diz.
Há um mês, o secretário de saúde de Sergipe disse que investimentos estão sendo feitos para ampliar a rede de hospitais públicos.