Direção do hospital chegou a afastar a médica Virginia Soares de Souza em 2011 por desavença pessoal| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Defesa

A defesa da médica Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de provocar a morte de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Evangélico, informou que só conseguiu ter acesso ao inquérito no fim da tarde de ontem, e que precisa estudar melhor o caso antes de entrar com o pedido de soltura. O advogado Samir Assad negou que ela tenha sido indiciada – quando há indícios suficientes para responsabilizar alguém por um delito. Segundo a Polícia Civil, não é possível confirmar a informação porque o caso corre sob sigilo.

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do atendimento de emergência de Curitiba e região metropolitana é feito no Hospital Evangélico, um dos maiores do estado. A instituição passa por grave crise financeira desde 2011: o hospital tem atrasado o pagamento de seus funcionários.

Dois dias após ser deflagrada a operação policial que investiga a ocorrência de possíveis homicídios na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Evangélico, em Curitiba, a direção da instituição manifestou perplexidade com as suspeitas levantadas e informou que nunca recebeu nenhuma informação que indicasse irregularidades, além de garantir a qualidade do serviço que está sendo prestado. Para atender à solicitação do poder público, o hospital concluiu ontem a substituição de 34 enfermeiros e 13 médicos que trabalhavam junto com a médica Virgínia Helena Soares de Souza, detida em caráter provisório desde segunda-feira para não atrapalhar as investigações – que correm sob sigilo.

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O diretor-clínico do Evan­gélico, Gilberto Pascolat, médico pediatra e intensivista, afirmou que o atendimento está ocorrendo dentro da normalidade, com serviços de qualidade. "A população deve saber que realizamos mais de 50 serviços, temos mais de 300 médicos e quatro UTIs. A investigação se restringe a uma funcionária de uma das UTIs", ressaltou. Ele não comentou sobre a sindicância interna instalada pelo hospital nem sobre a investigação conduzida pela Polícia Civil.

Segundo Pascolat, Vir­gínia não era nem a responsável pela UTI Geral – ao contrário do relatado pelo advogado da médica, Elias Mattar Assad, e por vários enfermeiros e pacientes. Ela seria apenas uma médica diarista. O responsável técnico pelo setor era outro profissional. "Ela não tinha o título de intensivista, mas era totalmente competente, com 20 anos de prática e no dia a dia tinha autonomia para tomar decisões." Sobre as UTIs Coronária, Cirúrgica e Neonatal, o diretor-clínico afirmou que havia outros médicos responsáveis, com conhecimento especializado.

Pascolat, que faz parte da gestão que assumiu o Evangélico em março de 2011, disse que nunca houve nenhuma denúncia contra Virgínia. "Essa história deixou a gente perplexo." Ele confirmou que Virgínia Soares de Souza, descrita como uma pessoa ríspida e de difícil trato, ficou um mês afastada em 2011. "Mas foi uma desavença pessoal com outro médico, não tem relação com a conduta profissional dela na UTI", declarou.

Sindicância

O médico Mário Lobato da Costa, responsável pela auditoria governamental que está sendo feita na instituição, informou que o objetivo principal é rever os procedimentos adotados na UTI Geral. "Vamos verificar as mortes ocorridas entre 2012 e 2013, um volume muito grande, e conversar com as pessoas que trabalhavam na UTI", explicou ele, que é auditor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), do Ministério da Saúde.

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