A ação de segundos que salvou os apresentadores Luciano Hulk e Angélica, os três filhos do casal e as duas babás foi realizada pelo comandante do avião em que a família viajava, Osmar Frattini, de 52 anos. O piloto foi o responsável por deslizar uma aeronave com motor em pane por 450 metros em um pasto localizado a 30 quilômetros de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Foram luzes do painel múltiplo do Embraer 820-C que indicaram, faltando 40 minuto para o fim do voo entre Miranda e a capital, que algo estava errado. Segundo Frattini, a bomba de combustível ficou obstruída a cerca de 1,3 mil metros de altura, fazendo o motor esquerdo perder potência. Dez segundos depois, o motor direito apresentou uma falha semelhante, porém voltou a funcionar e operou até cinco minutos antes do impacto.
“Tentei acionar as bombas auxiliares, mas não tive sucesso. O avião foi perdendo altura e eu estava preocupado porque não tinha mais alternativa, já que estávamos próximos da Serra de Maracaju. O Luciano Hulk, que entende de aviação, percebeu e perguntou se estávamos operando só com um motor. Eu disse que sim. Perguntou sobre opções e eu falei que elas haviam ficando para trás. A Angélica começou a gritar, dizendo que todos morreríamos, mas ele acabou acalmando a família”, disse o piloto.
A área escolhida para o pouso forçado foi a Fazenda Palmeiras, que fica às margens da MS-080, local de onde horas antes havia sido retirado o gado, que foi encaminhado a um frigorífico.
Para que a aeronave não tombasse durante o procedimento, diz o piloto, o trem de pouso não foi baixado. A torre de Campo Grande já havia sido avisada da situação do avião, porém, o maior desafio ainda viria.
“A cinco metros do solo foi avistado um lote de vacas. Subi, passei o rebanho de vacas. O avião correu 450 metros na grama, bateu em uma curva de nível e virou 90 graus”, explicou o piloto, que machucou a testa e precisou levar sete pontos.
A curva de nível, repentina, foi responsável pelos ferimentos nos oito ocupantes. Ao sair da aeronave, o comandante tirou a camisa, ensanguentada, e acenou para motoristas que passavam pela rodovia. Este foi o primeiro acidente de Frattini em 31 anos de profissão.
Motoristas que passavam pela rodovia e os proprietários da fazenda fizeram o transporte das vítimas até Campo Grande. Somente o piloto foi transportado pelo esquadrão Pelicano da Força Aérea e encaminhado para uma unidade de pronto atendimento.
Frattini conta que em alguns momentos “pensa no que poderia ter feito de melhor”. “Mas acredito que realizei o que era possível diante da situação.”
Agora, o piloto aguarda os procedimentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e afirma que, por enquanto, não vai voar. “Não estou em condições no momento para realizar outros voos.”
Um representante da empresa MS Taxi Aéreo limitou-se a dizer que a aeronave possuía certificação válida até junho de 2019 e que acompanha a investigação. A perspectiva é de que a aeronave seja retirada nesta quarta-feira (27) do pasto.
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