Ponta Grossa - Além do Aterro da Caximba, em Curitiba, os depósitos de lixo da maioria das cidades paranaenses também estão próximos do colapso. Ontem, em Ponta Grossa, foi a vez da prorrogação da vida do Aterro do Botuquara. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) liberou seu uso por mais um ano, prazo para viabilizar uma Central de Tratamento de Resíduos municipal (CTR) ao contrário do que houve em Curitiba, onde a liberação só foi conseguida na Justiça.
No último sábado, o prefeito Pedro Wosgrau (PSDB) havia decretado estado de emergência devido ao colapso do sistema. Segundo o presidente do IAP, Victor Hugo Burko, o modelo proposto em Ponta Grossa foi o mesmo que em Londrina, Maringá e Curitiba. "Só que em Curitiba não houve vontade política. Aqui houve cooperação", diz. Ele se refere à não renovação pelo órgão do uso do aterro na capital. O prazo foi estendido judicialmente até novembro de 2010, tempo para o início da operação do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar).
Burko aproveitou para criticar os ambientalistas que tentam impedir a construção de um aterro privado em Ponta Grossa, em local considerado por eles como de risco ambiental. "Agora temos 30 dias para que quem foi contra aponte o local exato onde deve ser feito o aterro. Estamos esperando as propostas", afirmou. A construção do futuro aterro público foi comemorada pelos ativistas, que fizeram de tudo para impedir as obras de um aterro privado, da Ponta Grossa Ambiental (PGA) licenciado pelo órgão. No entanto, o "ultimato" causou estranhamento. "Não se impõe esse tipo de prática à sociedade civil. A prefeitura já pagou por esses estudos e tem total condição de achar um lugar. Nunca estivemos contra um novo aterro, desde que seja encontrado um local em condições", observa o advogado Márcio Matos.
Os ambientalistas apontaram que no local encontra-se o Aquífero Furnas. A localidade tem solo arenoso e grande capacidade para absorção das águas da chuva. Segundo o geólogo Mário Sérgio de Mello, uma grande área na porção oeste do município possui solo com plenas condições de abrigar o novo aterro. "Estamos cumprindo nosso papel de cidadãos e devemos nos manifestar quando decisões erradas são tomadas. Estamos procurando evitar a decisão equivocada de construir esse aterro e exigindo que seja feito no local ideal", aponta.