Problema
Mandirituba segue interditada
Duas das áreas citadas por Vitor Hugo Burko uma indicada pelo Sipar e outra de propriedade da Cavo estão localizadas em Mandirituba, na região metropolitana. Desde o fim do ano passado, a cidade tem legislação municipal para impedir o recebimento de resíduos de outras localidades. O imbróglio emperra a definição da área onde será implantada o Sipar o Consórcio aguarda desde fevereiro a possibilidade de revisão da lei, pois o terreno oferece menor risco ambiental, segundo o IAP.
Na última semana, a Câmara Municipal de Mandirituba tentou colocar a revogação da lei em pauta. Dos nove vereadores, cinco votariam a favor da revisão. Contudo, uma forte manifestação popular na porta da casa impediu o ato. Também existe pressão política pela revogação Mandirituba aumentaria seu orçamento por receber a indústria do lixo. As outras duas áreas estão em Fazenda Rio Grande e na Caximba, em Curitiba.
Uma das áreas apontadas por Burko para a construção da vala monitorada foi alvo de disputa judicial e ainda segue impedida. De propriedade da Cavo, o terreno tem floresta primária de araucária e 32 nascentes de rio. No início da década, em uma das tentativas da administração municipal em encerrar a Caximba, ambientalistas e população conseguiram evitar a implantação de um novo aterro no local.
Uma vala monitorada pode "solucionar" por cerca de seis meses a questão do lixo em Curitiba e região. O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, sugeriu ao prefeito Beto Richa (PSDB), em encontro realizado nesta semana, a construção do "buraco" em uma das áreas cotadas para a implantação do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar) ou até mesmo em terrenos privados licenciados pelo IAP. Os 180 dias dariam novo fôlego à administração municipal na tentativa de definir o vencedor da licitação do lixo e o local onde será instalado o Sipar.
A abertura da vala não é considerada a solução mais apropriada pelo próprio Burko. O presidente, entretanto, vê vantagens em tirar o lixo da Caximba de uma vez por todas, mostrando-se contrário à intenção da prefeitura em estender a vida útil do Aterro da Caximba por doze meses. Apresentada em julho, a proposta de "reconformação geométrica" reestruturação dos maciços do aterro sem aumentar a capacidade foi negada pelo IAP por falta de informações. A prefeitura já entregou novo estudo, e os técnicos do instituto prometem resposta nas próximas semanas. Para Burko, ampliar o uso do aterro é um em erro.
"O atual aterro não apresenta impermeabilização nem controle de vetores (como urubus e insetos). Com a vala monitorada, teríamos como fazer o controle ambiental conforme a legislação atual e não de acordo com as leis de 20 anos atrás", explica o presidente do IAP. No próprio licenciamento emitido pelo instituto, haverá exigência essencial para diminuir os danos ao meio ambiente: o tratamento do chorume. Caso o prefeito declare situação de emergência, a nova alternativa não necessitará de licitação.
Apesar do benefício de não enfrentar as dificuldades de uma concorrência pública, a prefeitura não se interessa pelo plano de Burko. A administração aguarda o aval do IAP para a "reconformação geométrica" da Caximba. O secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, e a coordenadora de resíduos sólidos da secretaria, Marilza Oliveira Dias, consideram o processo fundamental para o plano de encerramento do aterro. "Como as células são formadas por lixo, é necessário preencher os espaços vazios com algum tipo de material. Nós escolhemos o lixo, porque a liga com o resto da pirâmide é melhor e pela necessidade que tempos", explica Marilza.
Presidente da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar), Lídia Lucaski considera a proposta de Burko inaceitável. "A gestão política sempre esteve aquém da necessidade de destinação dos resíduos. Se a questão fosse olhada com a devida importância, não estaríamos nessa situação. Fazer uma vala para abrigar lixo é o maior absurdo que se pode ouvir de uma autoridade", diz. O professor do programa de mestrado profissional em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Paulo Janissek, discorda do projeto por não ser solução definitiva. "O assunto é sério demais para que se resolva provisoriamente ", afirma.
Meio ambiente e lixo, invariavelmente, geram opiniões extremadas. Na opinião do professor Paulo Janissek, esse tipo de comportamento atrapalha o bom andamento da licitação e até mesmo conversas benéficas sobre o tema. "É importante procurar a solução perfeita. Porém não se pode deixar de aceitar resoluções intermediárias, lembrando dos riscos existentes. Às vezes, como se foca em algo perfeito, não se sai do lugar", avalia.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora