Fiscal mede toras cortadas ilegalmente: dimensões da árvore derrubada e relevância da espécie serão importantes para definir tamanho da multa| Foto:

A união inédita entre várias estruturas governamentais foi a forma encontrada para tentar inibir o avanço do desmatamento no Paraná. Pela primeira vez, órgãos como o Ibama e o IAP afirmam que estão falando a mesma língua e que vão atuar em conjunto. Um acordo de cooperação entre os dois institutos será assinado hoje, na reunião semanal do secretariado estadual. A estrutura promete ser repressora, mas também pretende repensar formas de não inviabilizar a atividade econômica da região Centro-Sul do Paraná – que vive o conflito de depender da exploração madeireira e, ao mesmo tempo, concentrar boa parte dos remanescentes da floresta de araucária.

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Todas as linhas de ação do plano estadual de combate ao desmatamento devem ser apresentadas em junho. De acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, a proposta é um plano de ações combinadas que, juntas, poderiam inibir a ação dos criminosos. "Até agora estávamos dependendo da consciência das pessoas, mas isso não está funcionando", diz.

O superintendente estadual do Ibama, José Álvaro Carneiro, afirma que o plano será o primeiro do Brasil dentro das diretrizes do Ministério do Meio Ambiente. "É um avanço ter uma declaração oficial de que há uma vontade de estado de sistematizar ações. E a integração é inédita entre os órgãos estaduais e federais, porque normalmente é cada um no seu quadrado", afirma.

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A intenção do Ibama é que a região que ainda tem mata nativa seja declarada área de risco ambiental – denominação que definiria ações mais drásticas para inibir o desfloramento. Algumas das medidas, por exemplo, seriam impedir ocupações de sem-terra em áreas preservadas, incentivar o manejo da erva-mate e realizar um processo de legalização dos fornos de carvão – que passariam a queimar apenas árvores plantadas.

Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, o Ibama negocia a viabilidade de melhorar a resolução das fotos de satélites usadas para monitorar as áreas de preservação. Se o projeto for implantado, a capacidade de focar os pontos de desmate será ampliada em 50 vezes. Além disso, a cada quatros meses, pelo menos, todo o trecho será sobrevoado de helicóptero para tentar encontrar ações clandestinas. Carneiro avalia que só será possível frear o desmatamento a partir de fiscalizações intensas e freqüentes. "Terá de ser uma mudança de hábito, como não fumar dentro no de avião ou usar cinto de segurança, que só acontece quando há controle", exemplifica.