A operação "Parque Livre" embargou 13 das 18 propriedades vizinhas ao Parque Nacional do Iguaçu, em dois dias de fiscalização para identificar o plantio de sementes geneticamente modificadas nos 14 municípios lindeiros à reserva. A denúncia de que havia soja transgênica cultivada na região foi feita por uma organização não governamental (ONG) de Curitiba.

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O grande número de lavouras transgênicas – 72% das plantações fiscalizadas a menos de 10 quilômetros do parque – surpreendeu as equipes do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério da Agricultura, segundo o superintendente estadual do Ibama, Marino Gonçalves. Com o fim da operação, o Ibama quer agora reunir todos os representantes do setor produtivo do estado para alertar sobre a necessidade de "respeitar a lei da biossegurança". Do contrário, "podem ser presos e ter de pagar multas altíssimas", avisou Gonçalves. A pena de reclusão é de até dois anos e a multa pode chegar a R$ 1,5 milhão.

"A lei que impede o plantio de sementes geneticamente modificadas não é nova. Por isso a alegação de desconhecimento é tênue aos olhos da lei. O Ibama não vai mais permitir que se brinque de Deus", espinafrou o superintendente ao reforçar a decisão de realizar encontros com produtores e empresas para alertar sobre a questão.

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"Ninguém sabe o que a transgenia pode provocar, por isso é vetado o uso em áreas protegidas e em terras indígenas. Quem for flagrado cultivando transgênicos a menos de dez quilômetros de áreas protegidas terá a lavoura destruída e isolada, como prevê a lei da biossegurança."

Os agricultores que tiveram as lavouras embargadas não poderão realizar a colheita e nenhum procedimento sem a autorização do Ibama até que os processos e destino dos produtos sejam determinados. A busca pelas áreas apontadas como suspeitas começou às 7h30 de quarta-feira, e se encerrou no fim da tarde de ontem. Para comprovar a transgenia, os técnicos realizaram testes químicos com os grãos e folhas da soja. As áreas embargadas ficam em São Miguel do Iguaçu – distante 52 quilômetros de Foz do Iguaçu, Matelândia, e Santa Tereza do Oeste, próximas a Cascavel.

Imagem arranhada

Na opinião do superintendente do Ibama, o mapeamento de transgênicos em áreas de reserva do estado pode arranhar a imagem da região durante o congresso de biossegurança e biopirataria que ocorrerá de 13 a 31 de março, em Curitiba. Para o evento estão sendo esperados cerca de cinco mil delegados de 188 países.

"O encontro equivale à conferência Rio 92. Para o Paraná o momento não poderia ser mais impróprio. A discussão do Protocolo de Cartagena havia sido definida para o estado, diante da política adotada contra a transgenia", lamentou Gonçalves.

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