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Seringas e frascos de soro foram encontrados pelo Ibama no aterro da Caximba | Divulgação/Ibama
Seringas e frascos de soro foram encontrados pelo Ibama no aterro da Caximba| Foto: Divulgação/Ibama

Infração

Hospitais autuados pelo município vão recorrer

Os dois hospitais autuados pela prefeitura de Curitiba pela disposição irregular de resíduos no aterro sanitário da Caximba informaram ontem que vão recorrer da notificação. Ambos argumentam que têm plano de gerenciamento de resíduos e empresas devidamente licenciadas são responsáveis pela gestão do lixo das instituições.

O Hospital Vita se manifestou por meio de uma nota dizendo que está investigando junto com a Ambiserv, empresa contratada para coleta e reciclagem do lixo hospitalar, a procedência dos materiais encontrados para que as devidas providências sejam tomadas. "Também foi solicitado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente acesso às fotos dos produtos encontrados, para que, a partir do número de lote dos mesmos, seja feito rastreamento preciso da origem do referido material", diz a nota.

A enfermeira Lorena Monteiro, responsável pelo gerenciamento de resíduos do Hospital Cruz Vermelha, disse que já solicitou cópia do processo aberto na prefeitura para também ter acesso às fotos. "Queremos saber se o lixo é nosso mesmo porque o auto de infração dizia que o material encontrado era um saco de 100 litros de resíduos recicláveis, mas acho isso estranho."

A prefeitura de Curitiba foi multada pelo Ibama em R$ 100 mil pelo descarte de lixo hospitalar no aterro sanitário da Caximba, que recebe os rejeitos da capital e outras 20 cidades da região metropolitana. A prefeitura tem 20 dias a partir do recebimento da multa para apresentar defesa. A fiscalização foi realizada a pedido do Ministério Público Estadual a menos de dois meses do vencimento do prazo de funcionamento do depósito, no próximo dia 1.º de novembro, segundo determinação da Justiça. De acordo com o superintendente do Ibama no Paraná, Hélio Sydol, o órgão foi vistoriar uma creche no bairro Caximba e acabou fazendo a verificação do aterro. Segundo ele, os fiscais encontraram os resíduos – embalagens, seringas, cateteres e frasco de soro – na área de compactação do lixo. "Ainda estamos investigando outras situações que detectamos", disse.

O presidente da associação de moradores Aliança para o De­­senvolvimento Comercial da Caximba, Jadir Silva de Lima, diz que já havia denunciado o descarte irregular de lixo hospitalar no local e afirma que está montando um dossiê com mais denúncias. Conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) os resíduos dos serviços de saúde que possam estar contaminados devem ser destinados a estabelecimentos licenciados para receber e tratar esse tipo material. O lançamento de lixo hospitalar em local inadequado pode provocar danos ambientais e riscos à saúde humana.

Outro lado

Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente alega que o material encontrado não era resíduo hospitalar usado ou contaminado, mais sim material limpo, fora do prazo de validade. Ainda de acordo com a nota, a prefeitura vai recorrer da multa e já autuou os hospitais Vita e Cruz Vermelha pelo descarte irregular. "Embora não haja uma lei que proíba o descarte de material hospitalar não contaminado em aterros, o município de Curitiba exige de hospitais um Plano de Gerenciamento de Lixo, e neste plano está determinado que esse tipo de material seja reciclado e não seja descartado no aterro", diz a nota.

Para o superintendente do Iba­ma, independentemente da quantidade e mesmo que os materiais encontrados não tivessem sido usados, o destino final do lixo hospitalar não pode ser um aterro sanitário. Em entrevista à Rádio CBN de Curitiba, o procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná, Sant’Clair Honorato Santos, disse que a prefeitura tem obrigação de fiscalizar a destinação para evitar o descarte de resíduos irregulares.

Apesar da determinação da Justiça de fechar o Aterro da Ca­­ximba no dia 1.º de novembro, o destino dos resíduos ainda é incerto. As empresas apontadas para receber temporariamente o lixo, ainda não estão com as licenças ambientais em dia. O Instituto Ambiental do Paraná está reavaliando os licenciamentos e segundo a assessoria de imprensa do órgão, os resultados devem sair até a próxima semana.

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