Seis em cada dez ligações feitas ao Disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, relatando casos de maus-tratos contra pessoas com mais de 60 anos de idade, são para denunciar situações de violência contra mulheres idosas. Elas são mais vulneráveis que os homens e as violações ocorrem, principalmente, no âmbito familiar. Serviços de referência dão acolhimento às vítimas, mas a rede de atendimento ainda não está consolidada.
Os números são preocupantes. Ao menos 28,3 mil idosas sofreram algum tipo de violência em 2013 no país, sendo 1,2 mil no Paraná. Em 53% das denúncias, os suspeitos são os próprios filhos das vítimas, e em 74% das denúncias as agressões ocorrem nas casas das próprias idosas. "Em primeiro lugar, existem mais mulheres que homens na terceira idade; em segundo, elas sofrem mais violência porque estão numa condição mais frágil; e, por fim, as idosas têm mais iniciativa que os homens em denunciar", enumera a coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, Terezinha Tortelli.
Vínculo
O vínculo familiar acaba penalizando as idosas. Em Cornélio Procópio, no Norte, onde funciona o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa, 56% dos atendimentos são a mulheres, e 61% dos agressores são os próprios filhos. "A proporcionalidade nos atendimentos parte da questão do vínculo de afeto com o agressor ser mais forte, sendo, na maioria dos casos, os filhos os principais agressores, bem como a respectiva longevidade da mulher ser maior que a do homem", analisa o consultor jurídico do Centro, Diones Monteiro.
Atender não só a idosa, mas também a família é essencial. Segundo Monteiro, o Centro busca a mediação de conflitos, trabalhando na promoção, prevenção e proteção da idosa, com olhos "no fortalecimento dos vínculos e eliminando a violência de forma gradativa, proporcionando assim um menor desgaste da relação com a pessoa idosa", conforme explica o consultor.