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"Ilhados" pelo córrego

Sem rede de esgoto na frente de casa, Ildomar Ignachewski lamenta a poluição do córrego no qual brincava quando criança | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Sem rede de esgoto na frente de casa, Ildomar Ignachewski lamenta a poluição do córrego no qual brincava quando criança (Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo)
Veja a região em que não há rede de coleta de esgoto ao lado do córrego |

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Veja a região em que não há rede de coleta de esgoto ao lado do córrego

O empresário Ildomar Igna­­chewski, 41 anos, praticamente se criou às margens do Córrego Evaristo da Veiga, no bairro Boqueirão. "A gente caçava rã e nadava aqui, mas isso faz muito tempo", relembra. Na época, o pequeno curso d’água era mais estreito e fundo e a natureza ao redor era exuberante, desde a nascente, no Xaxim, até a foz no Rio Belém.

Ao longo dos últimos anos, porém, o córrego foi canalizado e suas águas contaminadas por lixo e efluentes domésticos. Para piorar, em cinco de nove quadras da Rua Evaristo da Veiga, paralela ao córrego, não há rede coletora de esgoto na margem direita do rio – entre a Rua Paulo Setúbal e a Avenida Marechal Floriano. Os imóveis nesse trecho foram construídos junto ao leito. "Ilhados", os moradores despejam os dejetos no curso fluvial, pois a rede coletora passa apenas do outro lado da rua.

"Onde era possível, a rede dupla (dos dois lados da via) foi executada. Onde não foi, era porque o córrego não dava condições. Pela frente (dos lotes) não há como executar a obra", argumenta Fábio Queiroz, gerente da Regional Leste da Sanepar. Segundo ele, como não há espaço em frente aos lotes para passar a rede, somente duas alternativas são viáveis – ambas de responsabilidade (inclusive financeira) dos próprios moradores: a abertura de fossas (pouco recomendáveis, pois contaminam o lençol freático) ou a construção de uma rede particular, que interligue os imóveis e se conecte à coletora pública já existente nas pontas das quadras.

Segundo Queiroz, a Sanepar não executa obras dentro de propriedade particular. "É um empecilho técnico mesmo, de atendimento e manutenção. Toda vez que precisasse mexer na rede, teríamos que pedir permissão ao proprietário", justifica. Porém, ele recomenda que os moradores, caso construam a rede particular, busquem orientação técnica nos postos da companhia nas Ruas da Cidadania.

Para Ildomar, cujo imóvel recebe água potável através de mangueiras suspensas sobre o córrego, há outras alternativas. "Se a água passa, o esgoto também poderia voltar, só que em canos mais grossos", sugere. Ele acredita que convencer os moradores a fazer a rede particular e pagar por ela é inviável. "O certo seria fazer a tubulação passar sobre o rio. Seria mais barato do que invadir os terrenos", pondera.

Mau cheiro

Fernando Ribeiro da Luz, 40 anos, mora do outro lado da rua, onde passa a rede coletora. Apesar disso, ele também sofre com o mau cheiro do córrego e com a infestação de ratos e pernilongos. "Também dá muito ladrão nessas árvores", ironiza, referindo-se à falta de segurança nas margens estreitas e íngremes do córrego, tomadas pelo entulho. Quando chove forte e a vazão aumenta, os problemas se agravam. "A água de branca fica preta. Tem garrafa pet, madeira, tudo que é tipo de lixo", conta Ildomar. Até cavalo morto já passou boiando por ali. E a forte correnteza ainda ameaça desbarrancar margens.

Situação, aliás, que o líder comunitário Mauro Gonçaves, 47 anos, tenta há anos reverter. Em 2005, ele bolou um projeto para revitalizar o rio. O documento foi enviado a 13 secretarias municipais e ganhou o aval do então prefeito Beto Richa. Algumas melhorias foram feitas, mas a parte de saneamento não avançou. "Acho que a solução depende dos próprios moradores, de não jogar lixo, e do poder público, de tirar os esgotos. Se houver uma parceria, o problema pode ser resolvido", conclui.

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