IML descarta hipótese de que Paolicchi teria sido torturado

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O Instituto Médico Legal (IML) de Maringá descartou a hipótese de que o ex-secretário de Fazenda de Maringá Luiz Antônio Paolicchi teria sido torturado antes de morrer. Paolicchi foi encontrado morto a tiros no fim de outubro amarrado dentro do porta-malas de um veículo no distrito de Floriano, em Maringá. Segundo o médico legista do IML de Maringá responsável pela análise do corpo, Airton Severino Piazza, não havia sinais de violência no corpo, apenas tiros.

"A vítima não foi torturada e nem espancada. Fizemos uma análise minuciosa para procurar vestígios de espancamento, mas realmente não houve. No corpo só havia muitos tiros, cinco no total", disse.

Paolicchi estava sem alguns dentes na parte inferior da arcada dentária. "Os tiros arrancaram alguns dentes da vítima, o que provocou especulações porque algumas pessoas acharam que ele havia sido torturado e os dentes arrancados. Mas realmente foram as balas que arrancaram. Já a questão dos dedos, a vítima tinha perdido dois dedos, mas pela profundidade da cicatriz já faz alguns anos e não tem nada a ver com o crime", disse Piazza.

Os cinco tiros disparados contra Paolicchi atingiram o rosto, o pescoço e o abdome. Amostras de sangue foram retiradas e enviadas ao IML de Curitiba para análise. "Para finalizar o laudo falta o resultado do exame de sangue para saber se ele era usuário de drogas ou utilizava algum medicamento controlado. Tudo para deixar o laudo completo e ajudar nas investigações", esclarece o médico do IML.

Investigação

A Polícia Civil está seguindo três principais linhas de investigação: relacionamentos, dívidas e usuário de drogas. "Já ouvimos pessoas que tinham relacionamentos com a vítima e credores. Não descartamos também de ele ser usuário de drogas. As investigações estão bem adiantadas e queremos muito chegar aos culpados pela morte da vítima o quanto antes", disse o delegado responsável pelas investigações, Nagib Nassif Palma.

A polícia estuda ainda pedir à Justiça a liberação da exumação do corpo de Luiz Antônio Paolicchi. O motivo da exumação, segundo a polícia, seria a retirada das balas que atingiram o corpo. Os projéteis não puderam ser retirados antes porque o Instituto Médico Legal (IML) de Maringá não possui aparelho de raio-X.

O crime

Paolicchi foi encontrado morto na noite de quinta-feira, 27 de outubro deste ano, amarrado dentro do porta-malas de um veículo no distrito de Floriano, em Maringá. De acordo com o delegado Nagib Nassif Palma, o crime tem características de execução e a hipótese de latrocínio foi descartado, porque nada foi levado da vítima, com exceção do celular.

O carro foi encontrado em uma propriedade rural. Moradores da região informaram que o veículo, um Fiat Idea, estava no local desde a manhã. Paolicchi foi morto com disparos de arma de fogo. Envolvido em diversas ações judiciais, Paolicchi já havia sido preso por desvio de verba pública, tendo sido condenado a devolver R$ 500 milhões à Prefeitura de Maringá, juntamente com outros envolvidos, entre eles o ex-prefeito Jairo Gianoto.

Segundo Palma, Paolicchi já tinha registrado pelo menos três boletins de ocorrência para relatar ameaças feitas por credores nos últimos meses. A informação foi confirmada pelo advogado do ex-secretário,Moisés Zanardi, que informou à reportagem que, por algumas vezes, a vítima recebeu por telefone ameaças mais "ofensivas" de credores.

Conheça o passado de Paolicchi

Luiz Antonio Paollichi era o secretário da Fazenda durante a gestão do ex-prefeito de Maringá Jairo Gianoto. Juntos, eles foram responsáveis por um dos maiores desvios de dinheiro público que se tem notícia no Paraná. Com o dinheiro desviado, os dois adotaram um estilo de vida luxuoso e de gastos extravagantes. Gianoto e Paolicchi compraram aviões, fazendas, colheitadeiras, insumos agrícolas e carros de luxo.

A Justiça comprovou que o ex-prefeito depositou dinheiro da Prefeitura da conta da esposa e que Paolicchi investiu cerca de R$ 16 milhões em empresas de terceiros. Cerca de R$ 2,8 milhões serviram para pagar parte de um helicóptero. Depois que as denúncias vieram à tona, Paolicchi teve sua prisão decretada e foi para a Itália. Permaneceu foragido por 51 dias, mas foi preso ao voltar para o Brasil, em 7 de dezembro de 2000.