Outro efeito negativo das mudanças na Visconde de Guarapuava atingiu em cheio os proprietários de imóveis comerciais. Sem estacionamento público, as lojas da avenida sofreram uma desvalorização de 10% a 20% no aluguel, avalia o corretor Daniel Fuzetto, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná (Sindimóveis). "A desvalorização é automática, principalmente porque estamos falando de uma avenida no Centro da cidade. As pessoas querem parar em frente ou próximo do comércio e se não der, elas vão procurar outros lugares", afirma.
Muitos empresários que não deixaram a Visconde tiveram de renegociar o valor do aluguel por conta da queda no faturamento, sob pena de ter de fechar as portas. "Na área comercial o que vale é a quantidade de negócios que se faz. Por isso não adianta ter um imóvel num local onde vende pouco. Se as vendas caírem mais do que 20%, às vezes o próprio negócio se inviabiliza", explica Fuzetto.
"Se eu estivesse procurando um lugar para abrir uma loja, com certeza não seria na Visconde", diz o empresário Carlos Alberto Sikorski, dono da Arte e Cor Tintas, que registrou uma redução de 25% a 30% nas vendas de sua loja. Apesar da ironia, ele não cogita sair do ponto que a família ocupa há 41 anos. Desde a proibição do estacionamento, a luta de Sikorski tem sido por abrir novas vagas para carros na Rua Lourenço Pinto, que cruza com a Visconde.
"Não tem justificativa uma calçada daquele tamanho [apontando para a quadra em direção a André de Barros] e o número de vagas para táxis ao lado da Câmara. Muitas vagas podiam ser criadas", opina ele, que já encaminhou ofícios à prefeitura e pediu apoio de vereadores. Uma resposta já chegou, porém negativa. "Tento fazer a minha parte."
Do alto de quem passa o dia todo observando a avenida, o comerciante diz que o trânsito não melhorou na Visconde. "O problema sempre foi até às 9 horas e depois das 17 horas e continua sendo. A proibição deveria ter ocorrido somente nesses horários. Ao meu ver, faltou planejamento da prefeitura antes de tomar essa medida", diz. Para piorar, Sikorski garante que o número de acidentes cresceu. "Já teve carro que subiu no canteiro. Nunca tinha visto isso antes".